Folha de S. Paulo


Ativos da Petrobras da gestão Gabrielli encolheram mais

De cada real dos R$ 47,4 bilhões que a Petrobras lançou como perda por desvalorização e abandono de projetos em 2014 em seu balanço, pelo menos R$ 0,87 corresponde a investimentos anunciados na gestão de José Sérgio Gabrielli. Ele presidiu a empresa entre 2005 e fevereiro de 2012.

As baixas foram a maior contribuição para que a estatal registrasse prejuízo de R$ 21,6 bilhões no período.

Foram realizadas considerando a nova realidade do petróleo, ineficiência dos projetos e dificuldade de conclusão devido ao envolvimento de empreiteiras na Operação Lava Jato.

Pedro Ladeira/Folhapress
José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras; ativos de sua gestão registraram maior desvalorização
José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras; ativos de sua gestão registraram maior desvalorização

A conta considera os R$ 44,6 bilhões que foram descontados do valor de ativos cuja previsão de geração de caixa caiu, mais R$ 2,8 bilhões gastos em duas refinarias no Nordeste que não saíram –nem sairão– do papel.

A conta da desvalorização dos ativos pela baixa capacidade de gerar receita foi feita pelo que contabilmente a empresa chama de teste de imparidade –estima-se o que o ativo pode gerar em caixa para a empresa no futuro e calcula-se o valor presente. No balanço, esse valor será lançado se for menor que o valor contábil do ativo.

Esse teste foi aplicado a R$ 79 bilhões em ativos, do total de R$ 600 bilhões em ativos imobilizados. Desse montante, a empresa foi obrigada a subtrair R$ 44,6 bilhões, devido à constatação de que eles não gerariam resultado satisfatório. Dos ativos que não vão gerar receita suficiente, a refinaria de Abreu e Lima –perda de R$ 9,1 bilhões– nasceu em 2005.

De 2006, foram concebidos o Comperj, com perda de R$ 21,8 bilhões; o Complexo Petroquímico de Suape, perda de R$ 3 bilhões; e a compra dos campos de Cascade e Chinook, no Golfo do México, com perda de R$ 4,2 bilhões.

Entre 2012 e 2014, Suape havia gerado prejuízo de R$ 4,5 bilhões.

É de 2007 a ideia de comprar 87,5% da refinaria Nansei, em Okinawa. No processo de aquisição da unidade, assim como em Pasadena, a diretoria enviou ao conselho de administração –então presidido por Dilma Rousseff – relatório que omitia os riscos do negócio.

Uma das áreas da estatal condenou o negócio por não ver chance de retorno do investimento, como mostram documentos da época.

A Petrobras anunciou, no mês passado, que ia desativar a refinaria japonesa, depois de investir cerca de US$ 500 milhões no negócio.

No ano seguinte, 2008, foi a vez do anúncio de duas refinarias, no Maranhão e no Ceará.

Apenas a terraplanagem a e elaboração de projetos consumiram R$ 2,8 bilhões. Os planos foram engavetados devido à redução das margens de refino.

Na gestão de Graça Foster, foi adquirida, em 2013, uma unidade de fertilizantes da Vale, em Araucária, por US$ 234 milhões. A baixa feita, agora, foi de R$ 260 milhões.

Há também perdas de R$ 4,1 bilhões referentes a campos de petróleo no Brasil, e de R$ 224 milhões na unidade da África, que tem ativos na Nigéria. Os ativos foram adquiridos a partir do fim da década de 1990.


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