Folha de S. Paulo


Ações da Petrobras caem até 9% após prejuízo de R$ 6,2 bi com corrupção

As ações mais negociadas da Petrobras caem nesta quinta-feira (23), um dia após a estatal anunciar que teve prejuízo de R$ 21,6 bilhões em 2014, o primeiro desde 1991, segundo dados ajustados pela inflação.

Desse total, R$ 6,2 bilhões se referem às perdas com corrupção investigada na Operação Lava Jato.

Às 10h17, as ações preferenciais –mais negociadas e sem direito a voto– caíam 9,38%, para R$ 11,89. No mesmo horário, os papéis ordinários –com direito a voto– tinham queda de 6,40%, para R$ 12,46. Foram as cotações mínimas do dia até agora.

Às 14h39, as preferenciais caíam 1,21%, para R$ 12,96. Após abrirem em baixa, as ações ordinárias da estatal passaram a subir e, às 14h39, avançavam 5,93%, para R$ 14,10.

Às 14h40, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, subia 1,64%, para 55.511 pontos.

Nos Estados Unidos, os recibos de ações da empresa equivalentes a ações preferenciais chegaram a cair 7,6% por volta de 10h, para a minima de US$ 8,05. Às 14h40, caíam 0,23%, para US$ 8,69.

Já as ADRs equivalentes às ordinárias tiveram queda de 5,7% nesta quinta, para a mínima de US$ 8,42. Às 14h41, subiam 5,71%, para US$ 9,44.

As ações preferenciais têm queda mais acentuada que as ordinárias depois de a estatal indicar que não pagará dividendos em 2014. O dividendo é uma parte do lucro que a empresa distribui aos seus acionistas.

Os papéis preferenciais pagam mais dividendos que os ordinários e têm preferência no recebimento desse dinheiro.

"Essa diferença está relacionada ao fluxo de investimento estrangeiro. O investidor estrangeiro está preferindo migrar para as ordinárias, por isso o aumento do valor", diz Fabio Lemos, analista de renda variável da São Paulo Investments.

O movimento de queda reflete a decisão de embolsar ganho dos investidores que compraram quando o papel estava cotado na casa de R$ 8, em 30 de janeiro deste ano. Desde então, as ações haviam subido cerca de 60%.

Para Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, a situação financeira da empresa é "preocupante".

"A questão vital para a companhia agora será equalizar seu endividamento, ou seja, reduzir sua alavancagem. O problema é que sua geração de caixa deve continuar pressionada pelo cenário de preços deprimidos do petróleo vis a vis o crescimento estimado da produção", diz, em relatório.

Fabio Lemos, da São Paulo Investments, afirma ainda que seria necessário afastar completamente da estatal qualquer interferência governamental. "O [Aldemir] Bendine [presidente da estatal] ainda é muito identificado com o governo. Com o cenário de endividamento da empresa, seria preciso apostar em um nome para gerir melhor a Petrobras", afirma.

VALE

As ações da mineradora ajudam a melhorar o humor no mercado brasileiro nesta quinta. Às 14h41, as ações preferenciais da Vale subiam 5,34%, para R$ 17,34. No mesmo horário, os papéis ordinários tinham alta de 6,37%, para R$ 20,69.

Na quarta-feira, os papéis subiram mais de 9% com a alta do preço do minério de ferro e também ainda sob o efeito do lançamento de estímulos pelo banco central chinês, no domingo.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar cai em relação ao real, seguindo exterior. Das 24 principais moedas emergentes, 17 se valorizavam ante o dólar às 14h42.

No mesmo horário, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 0,82%, para R$ 2,979, e o dólar comercial caía 0,73%, para R$ 2,986.

A moeda reage à divulgação de que a atividade industrial nos EUA desacelerou mais que o esperado em abril, com a atividade registrando o ritmo mais lento desde janeiro, mostrou a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta quinta-feira.

O PMI preliminar compilado pelo Markit para indústria dos EUA caiu para 54,2 em abril ante leitura final de 55,7 em março. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor.

Além disso, o número de americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego subiu na semana passada pela terceira semana seguida. Para analistas, porém, a tendência continua a apontar para uma sólida melhora no mercado de trabalho.

Os pedidos iniciais subiram em 1.000, para 295 mil, segundo números ajustados sazonalmente, na semana encerrada em 18 de abril, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira. O número de pedidos da semana anterior não sofreu revisões.


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