Folha de S. Paulo


Última palavra sobre terceirização será da Câmara, diz Cunha

Deputados devem votar nesta quarta projeto que amplia forma de contrato para todas as atividades produtivas

Em um recado para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta terça-feira (21) que os deputados terão a palavra final sobre o projeto que regulamenta a terceirização no país caso os senadores "desconfigurem" o texto em tramitação no Congresso.

O deputado é favorável ao modelo que amplia a possibilidade de terceirização para todas as empresas privadas.

Pelas regras do Congresso, se o Senado modificar o texto aprovado pela Câmara, ele retorna para ser novamente analisado pelos deputados antes de seguir para a sanção presidencial, o que abre caminho para que os deputados definam a versão final do projeto.

"O que a Câmara decidir, pode ser revisado pelo Senado. Mas a última palavra será da Câmara. A gente derrubaria a decisão se o Senado desconfigurar [o projeto]", afirmou à Folha.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem sinalizado que a proposta deverá ser alterada no Senado, restringindo o texto para regulamentar apenas as atividades com profissionais terceirizados que já existem atualmente.

Disposto a finalizar a votação do projeto, Cunha garante que colocará o texto em votação nesta quarta-feira (22). Os deputados analisarão algumas mudanças ao texto base aprovado no início do mês. A principal delas, proposta pelo PT, retira do projeto a possibilidade de terceirização para atividades-fim nas empresas, o que acabaria com o cerne da proposta. Cunha não acredita na aprovação da mudança apresentada pelo PT, que tem o apoio de sindicatos de trabalhadores.

Para o relator da proposta, deputado Arthur Maia (SDD-BA), o cenário é de manutenção da terceirização ampliada para todas as empresas na votação desta quarta.

"Seria um retrocesso [aprovar a mudança proposta pelo PT]. Ninguém é infantil a ponto de não ver que o propósito do PT é tergiversar sobre a discussão que vem logo em seguida, a da votação das medidas provisórias que, essas sim, retiram direitos dos trabalhadores", disse à Folha.

Maia estima que a conclusão da votação nesta quarta terá um placar semelhante ao da aprovação do texto base do projeto, quando foram 324 votos a favor, 137 contrários e duas abstenções.

No início do mês, foi aprovado o texto principal do projeto, com amplo apoio dos parlamentares, com exceção, principalmente, do PT. Na semana passada, a Câmara começou a analisar emendas propostas pelos deputados.

No entanto, a votação não foi concluída porque alguns partidos, como o PSDB, mudaram de posição e ameaçaram rever os principais pontos já aprovados. O partido vai liberar seus 52 deputados federais a votar como quiserem. Sob o argumento de que estudou melhor o tema e que é sensível à pressão das redes sociais, o partido rachou ao meio.


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