Folha de S. Paulo


Auditoria faz novo pedido de informação para assinar balanços da Petrobras

Auditoria quer nomes de todos os advogados de escritórios terceirizados que prestaram serviços nos últimos dez anos

Funcionários dos departamentos jurídicos da Petrobras e de subsidiárias terão de trabalhar neste sábado (18), depois de uma jornada até tarde da noite, para atender uma exigência de última hora da auditoria PwC para assinar os balanços do terceiro trimestre e do ano de 2014.

A Folha apurou que os auditores pediram às áreas jurídicas da holding e da BR uma lista com os nomes de todos os advogados de escritórios terceirizados que prestaram serviços jurídicos nos últimos dez anos.

O novo pedido da PwC, feito nesta sexta-feira (17) pela manhã, surpreendeu funcionários da Petrobras e da BR, uma vez que, segundo eles, até então os auditores diziam a advogados da Petrobras que as informações necessárias já tinham sido repassadas.

A PwC não explicou por que fez o pedido.

2.000 NOMES

Calcula-se que pelo menos 500 escritórios de advocacia tenham prestado serviço tanto à Petrobras quanto à BR no período. Em média, quatro profissionais de cada escritório se envolveram nas demandas da Petrobras.

A PwC tinha dado prazo até segunda-feira para receber a lista, mas o comando na estatal foi entregar tudo neste sábado, ao fim do dia. Nas empresas, a palavra de ordem é "o balanço não vai atrasar": a promessa da Petrobras é divulgá-lo na quarta (22).

O documento contábil do ano de 2014 ainda não foi publicado porque a Petrobras precisou calcular o custo da corrupção embutido indevidamente em seus investimentos, entre 2004 e 2012.

A subtração dos valores indevidos dos ativos da empresa foi uma exigência da PwC para assinar o balanço.

Em outubro, ela já havia se recusado a assinar o balanço trimestral, porque o ex-diretor Paulo Roberto Costa envolveu em denúncias de propina diretores que teriam que atestar a veracidade de informações prestadas.

Reportagem da Folha mostrou que a conta relativa à baixa referente a desvios deve ficar entre R$ 5 bilhões em R$ 6 bilhões.

Haverá, ainda, reavaliação dos valores reais dos ativos a partir da capacidade de geração futura de receita.

Parte desses ajustes deverá ser lançada como despesas, baixando o lucro da empresa no ano passado.

Há risco de o resultado ser zerado e não haver distribuição de dividendos.

Procuradas, Petrobras, BR e PwC não comentaram.


Endereço da página: