Folha de S. Paulo


Economia digital dá vantagem competitiva às pequenas empresas, diz especialista

O consumidor brasileiro é mais cooperativo na internet do que a média global. Pesquisa realizada pela consultoria de gestão Accenture mostra que 51% dos brasileiros interagem com empresas no mundo virtual (ante 37% da média global).

Para Armen Ovanessoff, diretor-chefe do Instituto de Alta Performance da Accenture, pequenas e médias empresas brasileiras precisam priorizar o investimento e a participação na economia digital "para acompanhar esse voraz apetite digital dos consumidores do país".

Especialista em novos negócios em economias emergentes, o britânico que vive há dois anos em São Paulo afirma que a internet dá vantagem competitiva para as empresas menores, já que elas têm estruturas menos burocráticas e são mais ágeis para se adaptar à nova realidade digital.

Gustavo Epifanio/Folhapress
Armen Ovanessoff, diretor geral do Instituto de Alta Performance da Accenture
Armen Ovanessoff, diretor geral do Instituto de Alta Performance da Accenture

Veja, na entrevista abaixo, outras dicas do especialista para aproveitar as rápidas transformações tecnológicas.

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Folha - Que impacto as redes sociais e a influência da internet na vida dos consumidores trazem para as pequenas e médias empresas?

Armen Ovanessoff - A era digital coloca uma ênfase maior em ser rápido, flexível e ágil, ao contrário da tradicional vantagem da escala. A natureza da economia digital anuncia uma competição em que ser grande nem sempre é vantagem. Este é um grande momento para as PMEs.

As tecnologias digitais tornaram mais simples e mais barato criar e tocar um negócio, como o acesso a serviços baseados na nuvem que permite às pequenas empresas evitar os altos custos em infraestrutura e em equipamentos de TI. Como não estão sob o peso de processos complexos e burocráticos, as PMEs podem ser mais rápidas em adotar as vantagens da economia digital.

No universo digital, o Brasil está avançado ou atrasado?

Nossa pesquisa indica que os consumidores brasileiros estão altamente conectados e mais propensos do que a média global para usar a internet para pesquisar produtos. As empresas brasileiras precisam acompanhar esse voraz apetite digital dos consumidores do país e construir estratégias para atender a essa demanda. Para as PMEs, isso exige mais investimento na economia digital.

Essa conectividade do brasileiro pode significar uma desvantagem para PMEs de setores mais tradicionais?

Antigamente, as pequenas empresas tinham medo de ficar para trás com o advento de novas tecnologias, como o telefone ou o e-mail. E as grandes empresas realmente adotavam essas novas ferramentas com antecedência. No entanto, a atual fase da inovação tecnológica é caracterizada pelo baixo custo e pela rápida evolução. Os executivos de uma empresa de mineração podem ter usado o telefone muito antes que um boteco, mas hoje há poucas barreiras para um pequeno empresário se beneficiar imediatamente das novas tecnologias. Cerca de 80% dos brasileiros no Facebook estão ligados a pelo menos uma página de uma PME [a média global é de 70%].

Existem ações simples para uma marca se destacar no mercado?

Os consumidores têm mais poder de barganha hoje do que nunca e as empresas estão se esforçando para se conectar melhor com seus clientes. Graças às tecnologias digitais, especialmente telefones celulares, há uma infinidade de novas maneiras de se comunicar diretamente com os clientes para conquistar sua lealdade e para interagir com eles. Mas há um aviso importante para as PMEs: muitas grandes empresas foram inicialmente surpreendidas por essas tendências, mas estão aprendendo rapidamente a investir nessas novas técnicas de construção da marca.

O que as PMEs devem aprender com as grandes empresas para aproveitar as mudanças tecnológicas?

Um dos principais benefícios de uma equipe em uma grande empresa é a diversidade de perspectivas, origens e experiências de cada líder. As melhores ideias muitas vezes vêm de lugares inesperados e a partir da combinação de ideias de diferentes setores da empresa. É este tipo de diversidade que é difícil replicar em pequenas empresas. Para isso, elas podem criar, fora da empresa, uma rede de pessoas que trazem diversidade e novas ideias. Mesmo ferramentas simples, como YouTube, podem proporcionar acesso a tutoriais e especialistas.

Editoria de arte/Folhapress
Pesquisa mostra que o brasileiro é um dos mais dependentes de aparelhos eletrônicos; em %
Pesquisa mostra que o brasileiro é um dos mais dependentes de aparelhos eletrônicos; em %

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