Folha de S. Paulo


Ex-presidente do Carf, Cartaxo é citado em gravações telefônicas

Relatório em poder da Justiça Federal sobre suposto esquema de fraude fiscal cita o ex-presidente do Carf, Otacílio Dantas Cartaxo.

Em interceptações telefônicas feitas pela PF em agosto de 2014, com ordem judicial, um dos investigados diz ter sofrido pressão de Cartaxo para parar de denunciar irregularidades no órgão.

No relatório entregue pela PF à Justiça Federal, Otacílio Cartaxo é citado 52 vezes –em algumas, é chamado de "Carta" e "amigo maior". Mas não há prova de participação direta nas fraudes.

Um de seus assessores diretos, Lutero Fernandes do Nascimento, foi indiciado sob suspeita de participar de esquema para livrar de multa o Banco Safra, que não se pronuncia sobre o assunto.

O genro de Cartaxo, Leo Manzan, ex-conselheiro, é um dos indiciados pelo crime de advocacia administrativa em dois casos. Em um deles, segundo o relatório, pede propina de R$ 300 mil.

MENÇÕES

As gravações em que Cartaxo é mencionado são de conversas entre o conselheiro do Carf Paulo Roberto Cortez e seu sócio numa consultoria, Nelson Mallmann.

Segundo o relatório, na conversa Cortez diz que a pressão para "parar com esse 'troço' de ficar falando e fazendo denúncia" veio de Cartaxo, mas foi repassada pelo conselheiro Valmir Sandri.

Em outra gravação, os interlocutores afirmam que Cartaxo estaria prestes a deixar a presidência do Carf e a passar a trabalhar com escritórios de outros consultores e lobistas. Mallmann então afirma que isso apenas iria "oficializar o esquema".

Apesar das críticas de Cortez ao suposto esquema de propinas, a PF diz que em relatório que ele também integra a "associação criminosa".

Nascimento, Manzan, Cortez e Mallmann não foram localizados nesta sexta-feira (3) pela Folha.

Editoria de arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: