Folha de S. Paulo


Após atingir R$ 3,29, dólar vira com fala de Dilma em defesa de Levy

O dólar iniciou a segunda-feira (30) em alta em relação ao real e chegou a atingir R$ 3,29, mas virou após a presidente Dilma Rousseff sair em defesa do ministro Joaquim Levy (Fazenda), afirmando que ele foi "mal interpretado" em declarações nas quais afirmou que a petista nem sempre faz as coisas da maneira mais simples e eficaz.

Também ajudaram a conter o dólar dados econômicos dos EUA que mostraram a recuperação da renda pessoal e do gasto de consumidores do país abaixo do previsto. Os indicadores estão entre os analisados pelo banco central americano para definir sua política monetária. Caso decida subir os juros no país, isso poderia atrair dinheiro hoje investido em países emergentes, como o Brasil. A saída de dólares tem como efeito a alta da moeda americana nesses países.

A presidente Dilma Rousseff disse que Levy ficou "bastante triste" com a interpretação dada às declarações e explicou as falas pessoalmente. O ministro disse a uma plateia de estudantes da Universidade de Chicago que a presidente tem um "desejo genuíno de acertar as coisas". No entanto, "não da forma mais eficaz".

Após discurso alinhado de Dilma e Levy, a moeda americana passou a se desvalorizar em relação ao real.

Às 16h26, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caía 0,82%, para R$ 3,220. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, tinha queda de 0,64%, para R$ 3,220, no mesmo horário. Ambos chegaram a R$ 3,29 no início dos negócios.

O real é uma das moedas emergentes que mais se valorizam. Das 24 principais divisas, apenas três se desvalorizavam em relação ao dólar.

A Bolsa brasileira interrompe série de duas quedas e sobe, acompanhando o exterior. Às 16h26, o Ibovespa, principal índice do mercado, subia 2,09%, para 51.141 pontos.

EUA

Os gastos de consumidores cresceram menos que o esperado em fevereiro, com avanço de 0,1% em relação a janeiro. A renda pessoal registrou crescimento de 0,4%, de acordo com o Departamento de Comércio americano. Ambos os números cresceram menos do que se previa.

Na sexta-feira, a presidente do Fed (Federal Reserve, banco central americano), Janet Yellen, fez um discurso perto do fechamento dos mercados no Brasil. No pronunciamento, Yellen indicou que espera que as condições econômicas nos EUA evoluam para permitir o aumento dos juros em algum momento do ano.

Para Fernando Bergallo, diretor de câmbio da TOV Corretora, o dólar ainda tem tendência de alta e deve oscilar entre os patamares de R$ 3,10 e R$ 3,40 até que o governo brasileiro consiga aprovar seu ajuste fiscal e que o Fed decida quando vai aumentar os juros nos EUA.

"O real se desvalorizou também por causa de um componente político, que coloca combustível nessa volatilidade do dólar. Se as medidas forem aprovadas, teremos um movimento de queda da aversão ao risco no país", avalia.

Nesta terça-feira o Banco Central encerra suas intervenções diárias no mercado cambial, por meio da venda de contratos de swaps cambiais (que equivalem à venda futura de dólares).

CHINA

Ajuda a animar os mercados nesta segunda a possibilidade de a China adotar nova rodada de estímulos para impulsionar a economia do país, o segundo maior do mundo.

O banco central da China aliviou nesta segunda-feira (30) as políticas de empréstimo para compra da segunda moradia, em um momento em que o governo age para conter a queda dos preços imobiliários que tem amplificado a pressão deflacionária e colocado o crescimento econômico em risco.

O banco central chinês disse em comunicado em seu site que vai ajustar o valor de entrada para compradores de segunda moradia e melhorar as políticas de empréstimo para promover o "desenvolviumento saudável do mercado imobiliário".

BOLSA

As ações da Petrobras sobem, após reportagem da Folha informando que a estatal pretende cobrar indenizações das empreiteiras envolvidas no esquema de desvios da Lava Jato, estratégia para evitar que a petrolífera tenha que se endividar mais para financiar o plano de exploração do pré-sal.

Às 16h27, os papéis preferenciais da Petrobras –mais negociados e sem direito a voto– subiam 3,19%, para R$ 9,68. As ações ordinárias, com direito a voto, avançavam 3,79%, para R$ 9,57, no mesmo horário.

As ações ordinárias da Usiminas se mantêm praticamente estáveis, após a Ternium (uma das controladoras da empresa) transferir 25 milhões de ações ordinárias à custódia da BM&FBovespa, tornando-as disponíveis para aluguel ou venda antes de uma assembleia que definirá quem assumirá a gestão da empresa.

Uma assembleia extraordinária de acionistas foi convocada para 6 de abril para eleger o presidente e outros membros do Conselho de Administração da companhia.


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