Folha de S. Paulo


Cresce consulta de estrangeiros sobre aquisições de empresas no Brasil

As consultas de investidores estrangeiros interessados em comprar empresas no Brasil segue em alta a despeito da estimativa de contração na economia brasileira neste ano, afirmam advogados.

Em geral, quando há incerteza em relação ao crescimento do país, o mercado de fusões e aquisições tende a sofrer. Investidores buscam desembolsar recursos em mercados nos quais enxergam perspectiva de aumento de receitas de olho no retorno que terão com o aporte.

Para Adriana Pallis, especialista em fusões e aquisições do Machado, Meyer, Sendacz e Opice, o ajuste fiscal em curso reforça a percepção de que a turbulência será passageira. "Os investidores que conhecem o país sabem que a crise tem prazo para acabar e querem se posicionar", pondera.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Adriana Pallis (em pé) e Eliana Chimeti, no Machado, Meyer, Sendacz e Opic
Adriana Pallis (em pé) e Eliana Chimeti, no Machado, Meyer, Sendacz e Opic

Diferentemente do pós-crise, quando o dinheiro no mundo secou para as empresas em dificuldade, os fundos de investimento agora estão capitalizados, o que favorece o aumento de operações de fusão e aquisição.

Na avaliação da banca, o ano será de operações menores, mas numerosas. "Começamos mais céticos. O cenário político tem algum efeito na percepção dos investidores e empresários. Mas isso já está mudando", diz Eliana Chimenti, sócia do escritório.

Um dos estímulos às compras vem do efeito da crise sobre os preços das empresas. Nos últimos anos, os empresários brasileiros passaram a exigir somas equivalentes a muitas vezes o lucro futuro da companhia na hora da venda e, ainda assim, fechavam negócio. A euforia terminou. "Esse ajuste já começou. É uma espécie de choque de realidade para o vendedor", afirma Fernando Meira, sócio do Pinheiro Neto.

A desvalorização do real também aumenta a atratividade dos negócios para os estrangeiros, pois os valores em dólar recuam. "Os fundos estão animados. Eles precisam comprar ativos para justificar sua existência, e há oportunidades", diz Marcelo Ricupero, do Mattos Filho.


Endereço da página: