Folha de S. Paulo


Ferreira só aceitou presidir conselho da Petrobras após balanço auditado

Indicado para assumir a presidência do Conselho da Petrobras, o executivo Murilo Ferreira, presidente da Vale, impôs uma condição: só aceitaria a missão após a divulgação dos balanços do terceiro e quarto trimestres de 2014 com o aval do auditor independente da petroleira.

Por isso, foi nomeado interinamente o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para comandar o conselho na reunião do colegiado desta quinta-feira (26).

Sergio Moraes/Reuters
Indicado para assumir a presidência do Conselho da Petrobras, o presidente da Vale Murilo Ferreira disse só aceitar após balanço da estatal
Indicado para assumir a presidência do Conselho da Petrobras, Ferreira disse só aceita após balanço

Ferreira era o preferido da presidente Dilma para presidir a estatal, mas conseguiu contornar a situação, dizendo que a Vale também vivia uma fase difícil com a queda do preço do minério de ferro.

Apesar de também ter mostrado uma resistência inicial, o executivo não teve, porém, como recusar um convite para segunda vez e o chamado pessoal da presidente.

Nesta sexta (27), a estatal informou que Ferreira só assumirá em 29 de abril, após a assembleia de acionistas –na prática, apenas uma formalidade, pois a União tem a maioria dos votos e elege os seus indicados.

A expectativa é que até lá o balanço seja divulgado e inclua perdas oriundas de corrupção –uma metodologia de cálculo ainda está sendo aplicada para chegar a um valor.

A PwC, auditoria independente contratada pela Petrobras, não deu aval ao resultado do terceiro trimestre da companhia porque é necessário que sejam dadas baixas a valores indevidamente lançados como ativos, mas que, na verdade, foram desembolsados para pagamento de propinas, segundo o esquema revelado na Operação Lava Jato.

Pelo mesmo motivo, a empresa também não conseguiu entregar, ainda, o resultado de 2014 auditado.

A Petrobras busca um novo modelo para fazer a conta, depois que a metodologia apresentada em janeiro, que apontava necessidade de baixa de R$ 88,6 bilhões, foi descartada.

A conta foi ignorada porque considerava também perdas decorrentes de questões operacionais, de mercado (como a queda do preço do petróleo) e de câmbio, por exemplo.

Auditores independentes dizem que não é praxe aceitar apenas depoimentos de uma fonte para mensurar as perdas com corrupção.

Mas, no caso da Lava-Jato, a convergência de números apresentados pelo ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o ex-gerente Pedro Barusco com os relevados por diretores de empreiteiras.

Com esse cruzamento, pode-se chegar a um número mais palatável e aceito pela PwC.


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