Folha de S. Paulo


Dólar sobe e atinge R$ 3,24 após divulgação de PIB estagnado em 2014

O dólar sobe em relação ao real nesta sexta-feira (27) e chegou a R$ 3,24, após a divulgação de que a economia brasileira ficou estagnada em 2014, com ligeira expansão de 0,1% do PIB (Produto Interno Bruto).

O resultado reforça a expectativa de analistas de que haja retração do PIB em 2015.

Às 14h06, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha alta de 0,85%, para R$ 3,231. No mesmo horário, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, subia 1,34%, para R$ 3,234.

A Bolsa brasileira cai pelo segundo dia seguido. Às 14h06, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário, caía 1,06%, para 50.045 pontos.

PIB

No Brasil, o crescimento de 0,1% do PIB em 2014 veio de acordo com projeções de economistas, que iam desde alta de 0,2% até retração de 0,1%, segundo estimativas da agência internacional Bloomberg.

Foi o resultado mais fraco desde a retração de 0,2% registrada em 2009, em meio à crise global.

"O país caminha para uma recessão neste ano, já que o crescimento do consumo das famílias deve desacelerar por causa da inflação alta, da política fiscal mais austera e dos juros mais altos", diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

"Vemos uma nova queda dos investimentos neste ano, enquanto o setor de serviços deve perder força. A indústria deve continuar recuando, com e impacto negativo para o PIB", afirma.

EUA

Já o resultado do PIB americano –a terceira e última medição realizada– evidenciou que a recuperação da economia do país se dá de forma mais lenta do que se previa.

O crescimento foi de 2,2% entre outubro e dezembro de 2014 em relação ao mesmo período de 2013, mesmo resultado mostrado na leitura anterior. A elevação foi bem menor que a registrada no terceiro trimestre, quando o crescimento foi de 5,0%.

O desempenho do PIB, segundo o Departamento de Comércio americano, foi prejudicado pela queda nos investimentos das empresas, mas houve certa compensação pelo aumento do consumo dos americanos.

"Os dados econômicos nos EUA decepcionaram, pois o mercado esperava que houvesse melhora nessa última leitura em relação à anterior", afirma Rostagno, do Banco Mizuho.

Para Marco Aurélio Barbosa, analista da CM Capital Markets, o resultado reforça a estimativa de aumento nos juros do país apenas no segundo semestre do ano.

A manutenção dos juros dos EUA em nível baixo por mais tempo –hoje estão praticamente zerados– contribui para a permanência de investimentos estrangeiros em países emergentes, como o Brasil, que oferecem taxas de remuneração maiores.

A perspectiva de mais entrada de dólares no Brasil tende a empurrar os preços da moeda americana para baixo.

BOLSA

As ações da Vale caem pelo segundo dia, afetadas pela queda do preço do minério de ferro. Às 14h07, os papéis preferenciais da mineradora tinham queda de 3,10%, para R$ 15,91. No mesmo horário, as ações ordinárias tinham queda de 3,22%, para R$ 18,31.

As ações da Petrobras também caem. A estatal não estimou uma data para divulgação de seu balanço auditado.

Na quinta-feira, o economista Luciano Coutinho, presidente do BNDES, assumiu a presidência do conselho de administração da Petrobras, até a próxima assembleia geral de acionistas, que está marcada para o dia 29 de abril.

Às 14h07, os papéis preferenciais da petrolífera –mais negociados e sem direito a voto– tinham queda de 0,74%, para R$ 9,28. As ações ordinárias –com direito a voto– caíam 0,97%, para R$ 9,14.


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