Folha de S. Paulo


Custo ainda é barreira para geração doméstica de energia no Brasil

Embora seja uma forma de reduzir o valor da conta de luz e ao mesmo tempo ajudar a aliviar a produção das hidrelétricas, a geração própria de energia, por meio de painéis solares ou pequenas turbinas, ainda engatinha no país.

De acordo com a Aneel, das 65,5 milhões de residências que consomem energia, só 307 têm painéis solares ou pequenas turbinas ligados à rede de distribuição.

O sistema funciona da seguinte forma: se a energia gerada for igual à consumida, paga-se o mínimo cobrado pela distribuidora. Caso a geração não supere o consumo, o cliente paga a diferença.

Editoria de Arte/Folhapress

Se houver excedente de energia gerada, o que sobra ficará como crédito na distribuidora. O crédito só é possível porque o sistema é ligado diretamente à rede de distribuição. Equipamentos que não são conectados à rede de distribuição não figuram nos números da Aneel.

Uma das barreiras para quem quer gerar sua própria energia é o preço, equivalente ao de um carro popular. Um equipamento que gera cerca de 200 kW/h por mês, próximo à média de consumo do brasileiro, custa de R$ 20 mil a R$ 30 mil.

Para recuperar o investimento num painel solar leva-se oito anos, afirma Diogo Zaverucha, sócio-diretor da Solar Grid, empresa que instala esse tipo de equipamento.

Já para as turbinas movidas a energia eólica, o prazo é 12 anos, segundo Luiz Cézar Pereira, sócio-diretor da área técnica da Enersud, fabricante de miniturbinas eólicas.

Os equipamentos duram de 20 a 25 anos.

Foi a possibilidade de parar de pagar conta de luz que levou o aposentado Guilherme Saraiva, 75, a instalar placas solares em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. Ele conta que viu o equipamento na casa de seu sobrinho, em Portugal.

"É um crime não aproveitar o sol que bate quase diariamente na minha laje."

A falta de uma linha de crédito destinada a consumidores residenciais é outro obstáculo. O BNDES só financia painéis solares ou turbinas eólicas para empresas.

A Folha apurou que a Aneel pretende incluir na pauta das reuniões de diretoria ainda neste mês a discussão do barateamento dos equipamentos, a maior parte importada de Alemanha, Itália, China ou EUA.

"A cada kilowatt que a pessoa gera na sua própria casa é um litro d'água que ela deixa de consumir das hidrelétricas", afirma Ricardo D'Araújo, diretor do instituto Ilumina, especializado no setor.

Os equipamentos demoram dois dias para serem instalados, mas até cinco meses para terem sua autorização liberada pelas distribuidoras.


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