Folha de S. Paulo


Em reunião, UE deve indicar à Grécia que tempo está se esgotando

Líderes da zona do euro dirão à Grécia, nesta quinta-feira (19), que o tempo e a paciência estão acabando para que o governo grego implemente reformas definidas para evitar a falta de dinheiro que pode forçar o país a deixar o bloco de moeda única.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu uma reunião com os líderes de Alemanha, França e as principais instituições da UE nos intervalos de uma cúpula da União Europeia para pressionar para que Atenas tenha a permissão de levantar fundos de curto prazo para se manter solvente.

"Vou repetir a ele o que já lhe disse duas vezes: a Grécia tem que adotar as reformas necessárias, a Grécia tem que garantir que os compromissos que fez ao Eurogrupo em 2012 e mais recentemente sejam seguidos", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, a uma rádio francesa.

Louisa Gouliamaki/AFP
Primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, no Parlamento em Atenas; ele pediu uma reunião com os líderes da Alemanha, França e principais instituições da UE para pedir que Atenas tenha a permissão de levantar fundos de curto prazo para se manter solvente
Primeiro ministro grego, Alexis Tsipras, em Atenas; ele pediu reunião com líderes da UE para pedir que Atenas tenha a permissão de levantar fundos de curto prazo

A chanceler alemã, Angela Merkel, deu a mesma mensagem em um discurso ao Parlamento antes das negociações em Bruxelas (Bélgica) e uma crucial visita de Tsipras a Berlim na próxima segunda-feira (23), dizendo que a crise só será superada se a Grécia cumprir os acordos.

Ninguém deve esperar uma solução nas negociações nesta quinta-feira ou na de Merkel reunião com Tsipras na próxima semana, nas quais ela disse que eles terão "tempo para conversar em detalhes e talvez também para debater".

Uma reunião política de um pequeno grupo de líderes não pode e não vai substituir um acordo formal que a Grécia concluiu em 20 de fevereiro com ministros das Finanças do Eurogrupo.

A Grécia precisa entender que a ajuda internacional traz consigo uma obrigação "de reformar seu orçamento e trabalhar na direção de um dia não precisar mais de ajuda", disse Merkel.

Juncker tem tentado construir pontes entre Tsipras e os credores da Grécia. Seu tom de exasperação sugere que mesmo os amigos de Atenas estão irritados com o misto de seu governo de retórica beligerante e procrastinação.

A Grécia tem evitado a falência desde 2010 graças a dois resgates da UE e do Fundo Monetário Internacional totalizando 240 bilhões de euros, mas sua economia encolheu 25%, em parte devido às medidas de austeridade impostas pelos credores. O país agora corre o risco de ficar sem dinheiro em semanas se não receber mais ajuda.

CRISE EUROPEIA

Merkel ainda comentou nesta quinta a situação econômica da zona do euro, que volta ao crescimento com queda nos níveis de desemprego. De acordo com a chanceler, os resultados mostram quanto progresso foi feito no bloco, mas "que a crise da dívida ainda não foi completamente superada".

"Mostramos o que pode ser alcançado com ações decisivas (nos Estados-membros) e solidariedade europeia, mas ainda não superamos a crise numa base sustentável para o longo prazo", disse Merkel na Bundestag, câmara baixa do Parlamento alemão, antes da cúpula da UE em Bruxelas.


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