Folha de S. Paulo


Busca por proteção financeira embute risco elevado ao investidor

Até o governo Fernando Collor (1990 a 1992), os brasileiros compravam imóveis, dólar, ouro e até estocavam comida no freezer para se proteger da hiperinflação ou do confisco da poupança.

A instabilidade hoje é bem diferente em relação à daquele período: a inflação é de 7,7% ao ano (alta, mas longe da hiperinflação) e não há risco de calote do governo.

Também mudaram os instrumentos para se precaver de turbulências. Segundo especialistas, buscar proteção implica, necessariamente, abrir mão de rentabilidade para ter o menor risco possível de perder dinheiro.

Editoria de arte/Folhapress

Já apostar em cenários hipotéticos –por exemplo, que o dólar vá para R$ 4– são especulações que expõem a pessoa a riscos diferentes daqueles que queriam mitigar.

Se a intenção é manter o poder de compra em reais, o mais indicado são aplicações atreladas ao IPCA (índice oficial de inflação) mais uma taxa de juros. Esse risco é tão grande que o próprio Tesouro emite dívida pública corrigida pelo IPCA e há fundos que aplicam nesses papéis.

Mesmo refugiado no IPCA, porém, o investidor continua com outros riscos. Um deles é de subirem os juros (isso vem ocorrendo desde o início de 2014). Os novos títulos indexados ao IPCA estão com juros médios de 6,5%; há um ano, eram de 4%. Se a instabilidade levá-los a 8%, o investidor terá prejuízo porque esses papéis passam a ser vendidos com desconto para se adequarem à nova taxa.

Como proceder, então? O Brasil é um dos poucos países do mundo com taxas pós-fixadas, como os fundos DI. Se a taxa subir, o investidor ganhará mais. Se a inflação subir, é provável que o BC eleve os juros para controlá-la.

Se o risco a ser mitigado é o cambial (por exemplo, um pai que sustenta o filho no exterior), a saída será comprar dólar, entrar em um fundo cambial ou investir no exterior.

"O investidor deve fugir do risco. O custo de oportunidade não compensa", disse Michel Viriato, do laboratório de finanças do Insper.

"É um momento de cautela. O investidor precisa saber qual risco quer correr e qual não quer", disse William Eid, professor de finanças da FGV.


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