Folha de S. Paulo


Dólar bate R$ 3,28 e Bolsa cai com preocupações políticas

O dólar mantém a trajetória de alta em relação ao real nesta sexta-feira (13) e chegou bater R$ 3,28. Pesquisa da Folha em casas de câmbio de São Paulo encontrou a moeda a R$ 3,48.

A instabilidade no cenário político do Brasil continua a pressionar a moeda. Nesta sexta e no domingo (15), protestos devem reunir, em várias cidades do país, manifestantes contrários ao governo e favoráveis a ele, o que alimenta a preocupação dos investidores com a situação local. A convocatória do evento desta sexta dá mais ênfase aos pontos contra o governo do que a favor.

Às 15h11, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 2,91% para R$ 3,251. E o comercial, usado no comércio exterior, tinha alta de 2,87%, a R$ 3,252. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caia 0,76%, para 48.507 pontos. Das 68 ações negociadas, 45 caíam, 21 subiam e duas se mantinham inalteradas.

"Os protestos de domingo podem abalar ainda mais a popularidade da presidente Dilma Rousseff e dificultar a implementação das medidas de ajuste fiscal necessárias para colocar as contas do governo em uma trajetória sustentável e, assim, evitar o rebaixamento da nota de crédito brasileira pelas agências de classificação de risco", diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.

"Há uma crise política que pode prolongar a crise econômica", acrescenta Rostagno.

CENÁRIO EXTERNO

Mas não são só as tensões domésticas que impulsionam o dólar ante o real. O cenário externo também contribui para a forte valorização da moeda americana. Das 24 principais moedas de países emergentes, 21 se desvalorizam em relação ao dólar nesta manhã.

Na semana que vem ocorre a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e analistas esperam que a autoridade monetária retire de seu comunicado a palavra "paciente" ao se referir a um possível aumento na taxa de juros nos Estados Unidos.

Uma elevação dos juros deixa os títulos americanos –considerados de baixo risco e cuja remuneração acompanha a oscilação da taxa– mais atraentes aos investidores internacionais, que preferem aplicar seus dólares lá a levar os recursos para países de maior risco –como emergentes, incluindo o Brasil.

Diante da perspectiva de entrada menor de dólares no Brasil, o preço da moeda americana sobe em relação ao real.

ATUAÇÃO DO BC

Notícias indicando que o Banco Central brasileiro poderia fazer a rolagem integral de contratos se swap cambial (equivalentes a uma venda futura de dólares) com vencimento em abril também fizeram o mercado testar o preço do dólar.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners, a velocidade da valorização do dólar vai se dar a partir da "definição do BC de manter o ritmo atual ou mesmo reduzir um pouco mais o grau de rolagem de swap cambial".

O BC está rolando em torno de 80% dos lote de swaps cambiais que vencem em 1º de abril.

Na manhã desta terça, o Banco Central deu sequência às vendas de contratos de swap que tem sido feitas normalmente, segundo programa de intervenções no mercado já em vigor.


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