Folha de S. Paulo


Após IR, governo pode 'suavizar' desoneração da folha de pagamento

Depois do recuo na correção da tabela do IR na fonte, uma ala do governo Dilma defende que a mesma estratégia seja adotada para aprovar a alteração no programa de desoneração tributária da folha de pagamento.

Assessores presidenciais ouvidos pela Folha defendem que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) aceite mudanças na proposta antes de ela ser reencaminhada ao Congresso, com uma "suavização" da tributação elevada para os 56 setores incluídos na desoneração.

A avaliação é que, pela reação tanto da base aliada do governo como de empresários, a proposta anterior –que eleva as alíquotas sobre o faturamento de 1% para 2,5% e de 2% para 4,5%– não será aprovada no Congresso.

Segundo a Folha apurou, o governo desistiu momentaneamente de encaminhar o texto do projeto de lei para substituir a medida provisória que foi devolvida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Juridicamente, o governo avalia que Renan não podia ter tomado a decisão sozinho e que, por isso, poderia alegar que a MP continua valendo. A orientação do Planalto, no entanto, foi não acirrar a crise com o peemedebista.

O projeto de lei que substitui a MP está assinado pela presidente Dilma e pronto para ser encaminhado com pedido de urgência ao Congresso, mas o governo decidiu aguardar o fechamento do acordo da tabela do IR para começar a tratar do tema.

Segundo um assessor, o texto será enviado em "breve", assim que a presidente decidir com Levy a melhor estratégia para conduzi-lo.

EMENDA OU PROJETO

Dentro do governo, há quem defenda transformar a proposta numa emenda a uma medida provisória que já esteja em tramitação no Congresso, o que aceleraria sua aprovação.

A desoneração da folha de pagamento foi uma das medidas adotadas pela presidente Dilma durante seu primeiro mandato para reduzir o custo das empresas e preservar empregos.

Por meio do programa, a empresa deixava de pagar 20% de contribuição sobre a folha de pagamentos e passava a pagar 1% ou 2%, dependendo do setor, sobre o faturamento.

No dia em que anunciou o aumento das alíquotas, Joaquim Levy disse que, com a nova proposta, o custo da desoneração cairia de R$ 25,2 bilhões por ano para R$ 12,4 bilhões por ano.

A mudança também permitia que as empresas escolhessem se preferiam pagar tributo sobre o faturamento ou voltar a recolher 20% sobre a folha.

O aumento de até 150% no imposto a ser pago pelos setores incluídos na desoneração, no entanto, provocou críticas de empresários e de sindicatos, que temem um aumento nas demissões.


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