Folha de S. Paulo


Samsung assina acordo de R$ 10 mi após denúncias de assédio moral

A Samsung do Brasil assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP) no valor de R$ 10 milhões após denúncias de assédio moral contra funcionários.

Pelo TAC, a empresa se compromete a investir metade dessa quantia em propagandas institucionais sobre assédio moral ou trabalho infantil, a serem veiculadas no rádio, na TV e em jornais impressos. Outros R$ 5 milhões deverão ser doados a instituições a serem escolhidas pelo MPT-SP.

Kim Hong-Ji - 6.jan.14/Reuters
Sede da Samsung Electronics em Seul
Sede da Samsung Electronics em Seul

A Folha obteve trechos dos depoimentos feitos durante a audiência no Ministério Público do Trabalho de São Paulo. Um funcionário, que trabalhou na empresa entre os anos de 2004 a 2007 e, posteriormente, de 2011 a 2013, disse à Justiça do Trabalho que foi chamado de "burro" e "preguiçoso" por um executivo durante uma reunião, na frente de outros outros gerentes e diretores.

Segundo a Justiça do Trabalho, o executivo hoje faz parte do quadro de funcionários da subsidiária russa da companhia.

Uma funcionária disse ter sido demitida após ser chamada de "gordinha" por um diretor, que teria justificado o desligamento dizendo que ela "não tinha boa aparência" e que isso "não iria refletir uma boa imagem da Samsung".

Um ex-diretor de informática relatou que foi tratado com desdém por outro diretor da companhia que não entendia seu inglês, e que se referia ao funcionário como "tipo de gente de que ele não gostava".

Outros colaboradores relatam que trabalhos muito complexos eram exigidos em tempos inexequíveis e que para isso estendiam a jornada de trabalho para o horário noturno e fins de semana. Uma ex-funcionária diz que emagreceu seis quilos em quatro dias que trabalhou sem parar.

Segundo relatos, abusos também seriam cometidos durante os happy hours, quando alguns eram forçados a consumir bebidas alcoólicas.

OUTRO LADO

Em nota, a Samsung disse que a assinatura do documento não implica reconhecimento de assédio moral e que respeita as leis e regulamentos dos países em que atua. A empresa disse ainda que mantém programas de qualidade, saúde e bem-estar de funcionários, além de ouvidorias internas e que realiza inspeções regularmente.


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