Folha de S. Paulo


Após bater R$ 3,17 por cenário político, dólar fecha perto de R$ 3,10

Após bater R$ 3,17 no início desta terça-feira (10), o dólar perdeu força em um movimento de correção após seis dias seguidos em alta e fechou perto de R$ 3,10.

A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, fechou caiu 0,73%, para R$ 3,093. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve queda de 0,79%, para R$ 3,104.

Apesar da queda desta terça, o dólar à vista ainda acumula alta de 8,76% no mês, enquanto o comercial avança 8,68% no período.

A Bolsa fechou em baixa pela quinta sessão. O Ibovespa, principal índice do mercado financeiro, caiu 1,80%, a 48.293 pontos. Das 68 ações negociadas, 47 caíram, 18 subiram e três fecharam estáveis.

CENÁRIO NEGATIVO

"Foi um dia de muitas oscilações. O noticiário interno continua negativo e a tendência ainda é de alta. Foi uma correção normal, após as fortes altas", avalia Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.

Ainda pesam as investigações da operação Lava Jato. Alguns nomes envolvidos, com o do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reforçam no mercado o temor de que o governo não consiga aprovar as medidas de ajuste fiscal que propôs.

Durante a sessão, o governo tentou chegar a um consenso em torno da correção do Imposto de Renda, propondo uma tabela escalonada de acordo com faixas de renda. A tabela seria corrigida em 6,5% para a população de menor renda e, em 4,5%, para a de maior renda -com outras faixas intermediárias.

Inicialmente, o governo defendia uma correção de 4,5% da tabela, como forma de conseguir mais receitas para equilibrar as contas do Tesouro Nacional.

O governo busca ainda a aprovação de uma série de ajustes necessários para que o país evite um rebaixamento de sua nota de crédito pelas agências de classificação de risco. Atualmente, o Brasil recebe grau de investimento (espécie de selo de bom pagador) das agências de classificação de risco. Um rebaixamento significaria dizer que ficou mais arriscado investir no país.

Na manhã desta terça, o Banco Central deu sequência ao seu programa de intervenções no mercado de câmbio, negociando contratos de swap cambial (equivalentes a uma venda futura de dólares).

EXTERIOR

O comportamento do real destoou do de outras moedas emergentes. Das 24 principais divisas, apenas três se apreciaram em relação ao dólar –entre elas o real.

Na véspera, Richard Fisher, presidente do Fed de Dallas, havia defendido que o banco central americano vai perder credibilidade se não elevar os juros no país em breve.

Um aumento dos juros deixa os títulos americanos -considerados de baixo risco e cuja taxa de remuneração acompanha a oscilação do juro básico- mais atraentes aos investidores internacionais, que preferem aplicar seus dólares lá a levar os recursos para países de maior risco -como emergentes, incluindo o Brasil.

Diante da perspectiva de entrada menor de dólares no Brasil, o preço da moeda americana sobe.

A maior desvalorização foi registrada pelo rublo russo, com queda de 3,47% em relação ao dólar.

BOLSA

No mercado acionário, as ações da Petrobras fecharam com forte queda pressionadas pela desvalorização do petróleo no mercado internacional e também no primeiro dia de depoimentos dos envolvidos na CPI da Petrobras.

Os papéis preferenciais da petrolífera, os mais negociados e sem direito a voto, caíram 4,04%, a R$ 8,55. As ações ordinárias, com direito a voto, tiveram perda de 5,35%, a R$ 8,32. Ambas fecharam no menor valor desde 30 de janeiro deste ano.

A valorização do dólar prejudica as commodities comercializadas na moeda, tornando-as mais caras para os detentores de outras divisas. O barril do petróleo Brent, negociado em Londres, caiu 3,35%, a US$ 56,57. O barril do WTI, negociado em Nova York, teve baixa de 2,62%, a US$ 48,69.

A Bolsa em geral sofreu com o mau humor internacional, após a divulgação de dados ruins na China. A inflação no país acelerou de forma inesperada em fevereiro, mas os preços ao produtor continuaram a recuar, destacando a intensa pressão sobre as margens de lucro das empresas chinesas e ampliando a urgência sobre os esforços das autoridades para encontrarem novas maneiras de sustentar o crescimento.

"É um cenário pior que o previsto, que acaba afetando o resto do mundo. Isso mostra que a indústria chinesa está com problemas, o que prejudica a Vale", avalia Fabio Lemos, analista de renda variável da São Paulo Investments.

Os papéis preferenciais da mineradora fecharam em baixa de 2,99%, a R$ 16,57. Os ordinários caíram 2,25%, a R$ 19,10.


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