Folha de S. Paulo


Dólar bate R$ 3,17 com cenário político e perde força em dia instável; Bolsa cai

Após alcançar a marca de R$ 3,17 nos primeiros negócios, o dólar oscila entre altas e baixas nesta terça-feira (10). Até ontem, a moeda americana teve seis sessões seguidas de valorização.

A Bolsa cai pela quinta sessão consecutiva. Às 14h19, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 0,09%, a R$ 3,113. No mesmo horário, o dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, caía 0,51%, a R$ 3,113.

Às 14h20, a Bolsa operava em baixa. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, caía 0,84%, a 48.768 pontos. Das 68 ações negociadas, 37 caíam, 30 subiam e uma se mantinha inalterada.

CRISE INTERNA

Continuam pesando no mercado as implicações da operação Lava Jato. Alguns nomes investigados, com o do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reforçam no mercado o temor de que o governo não consiga aprovar as medidas de ajuste fiscal que propôs.

Paralelamente, o governo já começou a se mover para evitar uma derrota que impeça a adoção dos ajustes, necessários para que o país evite um rebaixamento de sua nota de crédito pelas agências de classificação de risco.

Atualmente, o Brasil recebe grau de investimento (espécie de selo de bom pagador) das agências de classificação de risco Um rebaixamento significaria dizer que ficou mais arriscado investir no país.

Na manhã desta terça, o Banco Central deu sequência ao seu programa de intervenções no mercado de câmbio, negociando contratos de swap cambial (equivalentes a uma venda futura de dólares).

EXTERIOR

No exterior, o dólar também sobe em relação à maior parte das 24 principais divisas emergentes, pela possibilidade de que, com a recuperação da economia dos Estados Unidos, o banco central americano eleve os juros no país em breve.

Um aumento dos juros deixa os títulos americanos –considerados de baixo risco e cuja taxa de remuneração acompanha a oscilação do juro básico– mais atraentes aos investidores internacionais, que preferem aplicar seus dólares lá a levar os recursos para países de maior risco –como emergentes, incluindo o Brasil.

Diante da perspectiva de entrada menor de dólares no Brasil, o preço da moeda americana sobe.

A maior desvalorização é registrada pelo rublo russo, com queda de 2,17% em relação ao dólar. Das 24 moedas emergentes, apenas duas sobem em relação ao dólar –entre elas o real.

BOLSA

No mercado acionário, as ações da Petrobras caem pela terceira sessão seguida, em dia de depoimentos de envolvidos na CPI da Petrobras.

Às 14h21, os papéis preferenciais da petrolífera, os mais negociados e sem direito a voto, tinham queda de 2,80%, a R$ 8,66. No mesmo horário, as ações ordinárias, com direito a voto, caíam 3,64%, a R$ 8,47.

As ações da petrolífera também são afetadas pela queda do petróleo no mercado internacional. A valorização do dólar prejudica as commodities comercializadas na moeda, tornando-as mais caras para os detentores de outras divisas.

Às 14h22, o barril do petróleo Brent, negociado em Londres, caía 1,70%, a US$ 56,83. No mesmo horário, o barril do WTI, negociado em Nova York, tinha baixa de 1,24%, a US$ 48,76.


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