Folha de S. Paulo


Na Índia, a inflação está em queda, e o PIB, em alta

Enquanto o Brasil se debate com inflação bem acima das expectativas e juros em elevação, a Índia vem surpreendendo positivamente os investidores com preços em queda e crescimento em alta.

O primeiro-ministro Narendra Modi assumiu no ano passado em meio a enormes expectativas de reformas.

No orçamento anunciado na semana passada, o país vai na contramão do Brasil –prevê redução dos impostos sobre empresas de 30% para 25% e aumento nos investimentos do governo em infraestrutura.

O governo estima que o PIB indiano vai passar de 7,4% no atual ano fiscal para 8,5% no que começa mês que vem.

Em janeiro, a inflação anualizada foi de 5,11%, abaixo do teto da meta de 4% (dois pontos a mais, 6%). A inflação estava em dois dígitos em novembro de 2013.

No Brasil, o IPCA de fevereiro ficou em 1,22%, acima das expectativas do mercado medidas pelo relatório Focus do BC, de 1,07%, e acumulado em 12 meses em 7,7%, acima do teto da meta de 4,5%.

O banco central indiano já reduziu a taxa de juros duas vezes este ano. Nesta semana, enquanto o Copom elevava a Selic em 0,5 ponto porcentual, para 12,75%, o banco indiano cortava os juros em 0,25 ponto, para 7,5%.

A queda nos preços de commodities, que afetou negativamente a balança comercial e a inflação do Brasil, beneficiou a Índia, grande importador de matérias-primas e petróleo.

O país continua com alto deficit nominal (que inclui o pagamento de juros), de 4,1% do PIB, e adiou para daqui a três anos a meta de chegar a 3% do PIB. Em comparação, o deficit nominal do orçamento no Brasil está em 6,7%.

"Recuperamos a credibilidade da economia indiana", afirmou Arun Jaitley, ministro das Finanças. "O mundo está prevendo que é hora de a Índia voar."

No Brasil, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse à Folha na quinta (5): "O Brasil não está doente!".


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