Folha de S. Paulo


Economistas preveem alta de 0,50 ponto do juro; veja como investir

Diante da inflação elevada, economistas preveem que o Copom (Comitê de Política Monetária) suba o juro básico do país (taxa Selic) na noite desta quarta-feira (4). A principal aposta é um aumento de 0,50 ponto percentual, que levaria a Selic para 12,75% ao ano.

Essa é justamente a estimativa de 59 entre 63 economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg. Os 4 que não acreditam em elevação de 0,50 ponto percentual apostam em aumento de 0,25 ponto percentual, para 12,50% ao ano.

Após a reunião desta quarta, Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, acredita em novo aumento de 0,25 ponto percentual em abril.

"O BC deve deixar a porta aberta para nova alta por causa da questão fiscal. Joaquim Levy [ministro da Fazenda] tem anunciado medidas importantes na tentativa de colocar as contas públicas em uma trajetória sustentável para evitar perda de grau de investimento do Brasil [selo de bom mercado para se investir]", diz.

A corretora Concórdia também não descarta mais um aumento de juros em abril, embora acredite que BC possa manter a taxa inalterada até dezembro após aumento desta quarta (4).

"Em seu comunicado, o BC deve chamar a atenção para o fato que de a política fiscal será um fator importante de controle da inflação no futuro, já sinalizando, dessa forma, o encerramento do atual ciclo de altas de juros."

INVESTIMENTOS

A queda da Selic em 2015, no momento, não é cogitada por economistas.

Nesse cenário, afirmam consultores em finanças pessoais, os fundos DI e os títulos públicos pós-fixados (LFT, Letras Financeira do Tesouro) são uma alternativa em relação a outras aplicações de renda fixa, principalmente para o pequeno investidor.

Essas aplicações seguem a variação dos juros, diferentemente dos investimentos prefixados, em que o rendimento é predeterminado no momento da aplicação, como na maioria dos fundos de renda fixa e os demais títulos do Tesouro Nacional.

Nas LFTs, o rendimento é atrelado à própria Selic. "Isso já garante um juro real interessante. As LFT têm liquidez semanal [ou seja, o investidor pode revender ao Tesouro semanalmente e resgatar o dinheiro], baixa oscilação de valor e rendem mais do que a poupança ou alguns fundos de renda fixa no mercado", diz o planejador financeiro Valdir Carlos Junior.

As NTN-B (Notas do Tesouro Nacional Série B) também são recomendadas, pois sua remuneração é composta por um juro predeterminado e pelo IPCA (indicador oficial da inflação no Brasil, que vem subindo).

Vale destacar, porém, que os títulos públicos sofrem a chamada marcação a mercado, em que o valor de venda é atualizado diariamente pela diferença entre a taxa de juro do momento e a de emissão do papel.

Se a taxa do momento for maior do que a da emissão do título, isso reduz o valor de revenda, aplicado caso o investidor queira se desfazer da aplicação antes do prazo e que também afeta negativamente a rentabilidade de fundos que aplicam nesse papel. Por isso é que, em cenário de aumento de juros, a marcação a mercado prejudica, principalmente, os títulos prefixados.

Editoria de Arte/Folhapress

TAXAS

É preciso, no entanto, ficar atento às taxas cobradas na aplicação, que também podem corroer parte dos rendimentos. A BM&FBovespa e o Tesouro extinguiram a taxa de negociação na compra de títulos —que era de 0,1%– para reduzir os custos do investimento, cujo ganho começava a empatar com a caderneta de poupança.

Agora, para aplicar no Tesouro, há uma taxa de custódia, cobrada pela BM&FBovespa, de 0,3% ao ano, e outra cobrada pela instituição financeira escolhida pelo investidor –muitas não cobram, mas ela pode variar até 2%. Para pesquisar as taxas das instituições, há uma lista no site do Tesouro.

Vale lembrar que incide ainda na aplicação o Imposto de Renda e o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) –esse último para resgate antes de 30 dias.

Apesar de o Tesouro oferecer vantagens como o baixo custo, a praticidade e a garantia do governo, antes de escolher uma aplicação o investidor deve definir três premissas: a quantia disponível para o investimento, o objetivo e o prazo para resgatar os recursos. Assim, é mais fácil escolher a opção mais adequada.

BOLSA

O aperto monetário restringe a oferta de crédito no país e freia o crescimento econômico, o que tem reflexo negativo no desempenho financeiro das empresas, inclusive as negociadas na Bolsa. Mesmo assim, especialistas lembram que também há boas oportunidades no mercado acionário. É preciso garimpar as melhores alternativas.

"No contexto geral, o cenário é ruim para Bolsa ainda. Mas, com o aumento do dólar, algumas exportadoras podem se destacar. É importante olhar caso a caso", diz Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners.


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