Folha de S. Paulo


Reality show quer descobrir novos talentos no mercado

Um por todos, todos por um. Quatro amigos com passagem pelo mercado financeiro resolveram unir suas contas bancárias para negociar na Bolsa e, com isso, potencializar ganhos, em uma nova modalidade de investimento altamente especulativo. São as chamadas "prop traders" ou "proprietary trader", empresas nas quais o dinheiro investido pertence aos próprios donos -diferentemente de uma corretora que investe recursos de terceiros mediante comissão.

A Tuchê Asset tem R$ 20 milhões de patrimônio líquido e, segundo o sócio Joaquim Paiffer, gera uma receita de R$ 1 milhão por mês.

Com o crescimento da Tuchê, os sócios resolveram fazer uma espécie de reality show para recrutar novos operadores (traders).

Os três melhores vão receber R$ 500 mil, R$ 250 mil e R$ 125 mil para investir. O prêmio é o rendimento que obtiverem sobre esses valores durante dez dias.

"Queremos atrair mais gente. E como não se encontram "traders" na esquina, resolvemos criar o desafio", diz Paiffer, que é fã de Ayrton Senna e compara os riscos do mercado ao estilo do piloto. "A gente ganha dinheiro raspando no muro, com dedicação, paixão e diversão."

As inscrições para o primeiro "Vida de Trader" já estão abertas e vão até o dia 1º de abril. O plano é realizar duas edições por ano. Para participar, é preciso pagar uma taxa de inscrição que dá acesso a três horas de palestras e quatro apostilas elaboradas pelos sócios da Tuchê.

Na segunda etapa, todos os participantes vão investir recursos fictícios em um simulador por cinco dias. Os dez melhores passarão para a etapa final, que será transmitida em tempo real pela internet. Os dez candidatos vão passar por um novo simulador, mas desta vez presencialmente, na sede da Tuchê, em Sorocaba (SP).

Os três melhores serão convidados a trabalhar na Tuchê -e poderão embolsar o rendimento que obtiverem nos primeiros dez dias.

Como os "traders" trabalham com dinheiro próprio, não é preciso certificação para atuar no mercado.

Os quatro sócios têm entre 26 e 30 anos e encaram o mercado financeiro, literalmente, como um videogame.

"As pessoas têm uma ideia falsa de que é preciso ter muito dinheiro e entender de política e de matemática para poder investir", diz Paiffer. "Nenhum de nós é um gênio da economia e estamos ganhando muito dinheiro.
O mercado financeiro é como um videogame. Quem é bom em lidar com pressão pode se dar super bem."

Roberto Lee, sócio da Clear, diz que as "prop traders" são um fenômeno no exterior. "Elas podem ser muito eficientes e, como operam com um volume grande de recursos, criam pressão de curto prazo e podem influenciar o preço dos ativos", diz. "Mas é ingênuo achar que é só encarar como um videogame que vai ganhar dinheiro. Investir é uma coisa e especular é outra. Nos dois há vencedores e perdedores."


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