Folha de S. Paulo


Protestos dos caminhoneiros diminuem nas estradas do Sul do país

Apesar de diminuírem, as manifestações dos caminhoneiros ainda bloqueiam estradas no Sul do país, principalmente as rodovias federais. Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os principais Estados que mantêm a greve, somando 12 cidades com interdições neste domingo (1).

Os caminhoneiros fazem protestos há 11 dias e chegaram a realizar mais de cem bloqueios em 14 Estados. Na noite desse sábado (28), a Polícia Rodoviária Federal contava ao menos 46 bloqueios em nove Estados, inclusive da região Nordeste.

Segundo líderes do movimento, já era esperada uma diminuição dos protestos durante o final de semana, mas eles pretendem retomar as interdições nessa segunda-feira (2).

A Polícia Rodoviária Federal informa que a BR-282 é a mais prejudicada em Santa Catarina, com cinco pontos de bloqueio parciais, em Pinhalzinho, Maravilha, São Miguel do Oeste, Xanxerê e Faxinal dos Guedes. Também há três bloqueios parciais em na BR-163, em Guarujá do Sul, São José do Cedro e Guaraciaba em dois na BR-158, em Palmito e Cunha Porã.

No Rio Grande do Sul, ainda segundo a polícia, duas cidades têm rodovias bloqueadas, Cachoeira do Sul e Pelotas, no Km 66 da BR 392, pela manhã, eram quatro municípios.

A Polícia Rodoviária Federal do Paraná, um dos Estados mais afetados pelos protestos, afirma que não há mais pontos de bloqueio nas rodovias.

RODOVIAS ESTADUAIS

O número de estradas estaduais da região Sul bloqueadas também caiu neste domingo. Somente no município de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, na SC 163, no km 58, o motorista trafega com atenção devido à manifestação desde o início deste domingo.

Até este sábado (28), havia 19 pontos interditados, sendo 14 no Rio Grande do Sul e quatro em Santa Catarina, até às 23h. Em todo o país, o número chegou a 53 pontos na quarta-feira (25)

Na região Centro-Oeste, o Mato Grosso do Sul tem a rodovia MS-134, em Andradina, parcialmente bloqueada por caminhoneiros. De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, 20 carretas permanecem paradas no local.

No Rio Grande do Sul e no Paraná, as policias rodoviárias estaduais afirmam que não há bloqueios até o final desta tarde.

Em nota divulgada nesta manhã, o governo federal afirma que vai ampliar a presença das forças policiais para assegurar as decisões judiciais e a desobstrução das rodovias.

O texto também reafirma a intenção do Planalto de fechar acordo com os caminhoneiros e se coloca a disposição para o diálogo com objetivo de encerrar as interdições.

REINVINDICAÇÕES

Os caminhoneiros pedem redução no preço do pedágio e do diesel, o aumento do valor do frete e a sanção, por parte da presidente Dilma Rousseff, de mudanças na legislação que flexibilizam a jornada de trabalho.

Na última quarta (25), o governo chegou a anunciar um acordo com a categoria. O acordo inclui a renegociação de dívidas do setor por parte do governo, que informou ter recebido da Petrobras a garantia de que os preços do diesel não subirão pelos próximos seis meses, o que só será cumprido se as estradas foram liberadas.

O presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), Diumar Bueno, que participou das negociações, afirmou que as entidades presentes à reunião eram favoráveis ao fim do movimento, mas que ele não poderia "garantir que a greve vai acabar".

As medidas oferecidas pelo governo, sob a chancela da presidente Dilma Rousseff, incluíram o compromisso de sanção integral da chamada Lei dos Caminhoneiros, que na prática reduz o valor do pedágio que pode ser cobrado dos caminhões e aumenta o número de horas extras que podem ser feitas pela categoria.

A segunda medida é a suspensão, por um ano, dos pagamentos de empréstimos feitos pelo BNDES para a aquisição de caminhões.

O governo anunciou, ainda, a criação, por empresas e caminhoneiros, de uma tabela referencial de fretes, o que pode levar a preços mínimos para o serviço. A quarta proposta é o estabelecimento de uma mesa permanente de negociações entre motoristas e empresas.

No entanto, parte dos motoristas, em especial no Rio Grande do Sul, não reconhece o acordo.


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