Folha de S. Paulo


Brasil e México não chegam a acordo sobre veículos e marcam negociações

Brasil e México concluíram nesta sexta-feira (27) uma rodada de negociações sobre o setor automotivo sem que acordos definitivos tenham sido firmados, embora as partes tenham concordado em se reunir por uma terceira vez na segunda semana de março.

Enquanto o Brasil deseja manter as taxas de importação recíprocas de veículos leves por mais três ou cinco anos, o México afirmou que quer voltar ao regime de livre comércio automotivo, como ficou previsto pelo acordo de 2012 entre os dois países.

O secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo, disse nesta sexta-feira que há disposição para se chegar a um entendimento.

"Do lado mexicano, a expectativa, o concordado e acordado é que devemos voltar ao livre comércio, estamos em um processo de consultas com a Amia (Associação Mexicana da Indústria Automotiva) para considerar os cenários possíveis", disse ele a jornalistas.

"O pior dos cenários é que não haja acordo... esse é o pior cenário de todos. Então estamos construindo a possibilidade de um acordo que com certeza estaremos processando dentro de duas semanas", acrescentou Guajardo.

Várias fontes têm afirmado que o México, cuja indústria automotiva encontra-se em um pico, poderia aceitar continuar com o sistema de cotas, já que mais de 70% das exportações de veículos são destinadas aos Estados Unidos, seu principal parceiro comercial.

Em comparação, as exportações mexicanas para a América Latina representaram apenas 5,9% do total em janeiro de 2014, segundo dados da indústria.

"Confio na inteligência dos negociadores para se chegar a um ponto de acordo que seja aceitável para todas as partes", disse o secretário, que não quis responder sobre até onde o México estaria disposto a ceder.

As cotas vigentes no passado foram de US$ 1,45 bilhão para o primeiro ano (terminado em 18 de março de 2013), US$ 1,56 bilhão para o segundo período e de US$ 1,64 bilhão para o terceiro ano, que vence no próximo mês, quando se voltaria ao sistema de livre comércio.

O Brasil é o principal parceiro comercial do México na América Latina, assim como o primeiro destino exportador e principal fornecedor na região. Nos últimos 10 anos, o comércio entre os dois países subiu 150%, atingindo a marca de US$ 9,213 bilhões em 2014, segundo dados oficiais do México.

Uma renegociação poderia dar um pouco de oxigênio ao abalado mercado automotivo brasileiro, que projeta uma estagnação nas vendas para este ano, após uma queda de 7,1% em 2014. O setor espera que as exportações cresçam apenas 1%.


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