Folha de S. Paulo


Salões de manicures para público VIP buscam alternativas para se destacar

Os "nail bars", espécie de salões de manicures e pedicures que também oferecem bebidas alcoólicas e drinques, deixaram de ser uma novidade e precisam agregar outros tipos de serviços para se diferenciar entre eles.

"O nail bar teve um boom no início, mas depois estabilizou. Se no começo o movimento era de 200 mulheres por semana, agora tem menos de 100", diz o consultor do Sebrae-SP Marcelo Sinelli, que é especializado na área de marketing.

A ideia desse tipo de negócio veio dos EUA e da Europa e apareceu no Brasil inicialmente no Rio de Janeiro, em 2011. Em São Paulo, a novidade demorou um ano a mais para chegar. Uma das primeiras casas na cidade foi a Cosmopolish.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Gustavo Andare em sua esmalteria em São Paulo
Gustavo Andare em sua esmalteria em São Paulo

"A ideia sempre foi fazer algo mais do que unhas básicas. A gente transpõe para os esmaltes o que acontece na moda. Nossas clientes são classe AAA e recebem uma taça de espumante durante o serviço", afirma Cristiane Diniz, 42, uma das sócias da empresa, que oferece manicure por R$ 28.

As unhas, no entanto, não são o único produto que ela oferece. Também há depilação, "design de sobrancelhas" e massagem de mãos e também de pés.

Mas o serviço de manicure ainda é a principal fonte de renda da Cosmopolish. Representa cerca de 70% das receitas do negócio.

Na maior rede de "nail bar" do Brasil, a Esmalteria Nacional, os serviços de manicure e pedicure também representam 70% do faturamento. Os 30% restantes são de vendas de produtos, explica o sócio Gustavo Andare, 35.

Ele diz que a rede, que tem 285 pontos no Brasil, vende sandálias, lingerie e agora vai começar a vender um anel repintável, no qual pode ser usado o mesmo esmalte aplicado nas unhas das clientes.

Andare afirma que, apesar de ter havido um aumento muito grande de "nail bars" nos últimos anos, isso não é uma moda passageira, mas algo que veio para ficar.

Ele diz que antes os salões eram sucateados e que hoje são mais sofisticados. "Hoje é preciso oferecer gente treinada, uniformizada. E há novas tecnologias", diz Andare, que cobra de R$ 20 a R$ 45 pela manicure.

MAIS QUE UNHAS

Para Andare, também houve uma mudança cultural que favorece os "nail bars".

Segundo o empresário, hoje é comum que as mulheres pintem as unhas das mais variadas formas, o que no passado poderia ser "vulgar".

Ser visto dessa maneira não é o receio do Dona Bar, um "nail bar" de Tupã, uma cidade de 65 mil pessoas no interior de São Paulo.

A proprietária Patricia Vitor, 39, conta que o estabelecimento oferece também noites de chá erótico.

"Eu vou à cidade de São Paulo e trago produtos, como lingerie, vibradores, essas coisas. Daí contrato dois rapazes bem bonitos para servir bebidas para as mulheres", explica.

"Eles ficam sem camisa, de gravatinha. E algum palestrante fala sobre algum assunto, pode ser doenças venéreas ou pompoarismo", diz. Quem preferir só fazer a mão paga R$ 16.

Para o consultor Sinelli, esse tipo de diversificação é necessária para as empresas se manterem lucrativas. "Como negócio, eles precisam se renovar constantemente", diz.

Ele estende a ideia a outros tipos de produtos que tiveram um momento de boom, como food trucks.

Ele considera que esses são negócios que, no começo, encontram uma clientela farta, mas, depois, precisam se acostumar a um patamar mais modesto.

"Vira uma corrida do ouro. E pouca gente acha ouro", afirma Sinelli.


Endereço da página: