Folha de S. Paulo


Potencial de consumo e custo baixo atraem franquias para o interior

Um estudo feito pelo Sebrae em 2014 mostra que o consumo nas cidades do interior representam R$ 4 de cada R$ 10 gastos no Brasil, um mercado que soma R$ 827 bilhões ao ano.

As redes de franquias já estão de olho neste potencial –uma boa oportunidade para o empreendedor que busca abrir o primeiro negócio.

"Com a incorporação da nova classe média e o aumento da renda, não só as oportunidades se expandiram, mas também os hábitos de consumo no interior", afirma Luiz Barretto, presidente do Sebrae.

"Há uma demanda no interior que não encontra uma oferta correspondente", diz.

Segundo levantamento inédito do Sebrae, apenas 25% das marcas associadas à Associação Brasileira de Franquias (ABF) têm lojas fora das metrópoles.

A Emagrecentro, rede de estética do Grupo Multifranquias, possui 150 unidades no Brasil, 59 delas fora de capitais, sendo 13 no interior do Estado de São Paulo.

Viris da Costa, 31, abriu uma franquia da marca em Ribeirão Preto em fevereiro de 2014, depois de trabalhar dois anos em uma unidade da rede em São Paulo.

Silva Junior/Folhapress
Viris da Costa, 31, que saiu de São Paulo para abrir uma franquia em Ribeirão Preto (SP)
Viris da Costa, 31, que saiu de São Paulo para abrir uma franquia em Ribeirão Preto (SP)

O primeiro passo de Costa foi encomendar uma pesquisa de mercado em uma empresa especializada. O plano inicial era ir para o Espírito Santo, mas os custos tornaram o negócio inviável.

A Mr. Beer, rede de cervejas especiais, elegeu o interior como foco em 2015. "O custo de shopping em São Paulo está inviável para qualquer franquia nova", diz Fernando Fernandes, diretor de expansão da marca.

Para ele, a nova fronteira são os shoppings menores, centros comerciais e galerias do interior, como Americana (SP) e Uberlândia (MG).

O investimento inicial menor é o que torna o interior uma oportunidade interessante mesmo em um cenário de economia em desaceleração, avalia Marcus Rizzo, da consultoria Rizzo Franchise.

Ele destaca os segmentos de alimentos, educação e serviços –como correios e lotéricas– como bons investimentos nessas regiões.

Na rede de sanduíches Subway, 70% das unidades estão fora das capitais, segundo Roberta Damasceno, gerente nacional da marca.

"Muitas dessas lojas são mais rentáveis do que as das capitais, em razão dos custos operacionais menores", diz.

CUIDADOS
Quem pretende abrir uma franquia no interior precisa ter em mente a capacidade de consumo do mercado local e as regionalidades culturais, afirma Cristina Franco, presidente da ABF.

Para Costa, da Emagrecentro, uma das principais diferenças entre a capital e o interior é o comportamento dos clientes. "Em Ribeirão, as pessoas são menos consumistas. Elas pensam mais antes de gastar", avalia.

Outro fator importante para o negócio dar certo é dedicação exclusiva do empreendedor. "A franquia requer comprometimento e barriga no balcão", afirma Fernandes, da Mr. Beer.

No Subway, a preferência também é vender franquias para pessoas que não exerçam outras atividades.

Para entender concretamente como é a operação do dia a dia do negócio, Rizzo aconselha conversar com ao menos quatro franqueados da marca em que se está interessado, dois mais antigos e dois mais recentes.


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