Folha de S. Paulo


Pet ganha banho seco para driblar crise hídrica no Sudeste

Empresários de diversos setores têm aproveitado os tempos de crise hídrica para investir no lançamento de produtos e serviços que economizem água.

No ano passado, a multinacional Panasonic lançou no Brasil um modelo de lavadora de roupa com um sensor de peso capaz de adequar a quantidade de água ao peso inserido no equipamento.

Ela também é sensível à temperatura da lavagem. Em dias muito quentes, em que o sol aquece a caixa d'água, a máquina também economiza, pois o sabão se dissolve mais facilmente na água aquecida, reduzindo o ciclo de lavagem, segundo Sergei Epof, gerente da Panasonic.

O grupo Tejofran, de limpeza de edifícios, fechou contrato com a Dry Wash, que faz lavagem automotiva a seco, para adequar a tecnologia a fachadas e pisos.

De acordo com Clodomir Marcondes, diretor de novos negócios e inovações tecnológicas da Tejofran, apesar do custo mais elevado, o produto baseado em cera de carnaúba oferece um desempenho melhor.

Marcondes diz que a empresa quer estender as pesquisas para, no futuro, abranger a limpeza de hospitais, trens e aeronaves, desconectando-se da imagem de solução para a crise hídrica.

"Queremos alcançar um produto que não seja só da moda. Estamos pensando em longo prazo", afirma.

ADAPTAÇÃO

Empresas que trabalham com produtos que consomem água tiveram de se adaptar diante da perda de vendas no Sudeste, como foi o caso da Kärcher, multinacional especializada em limpeza doméstica e profissional.

Quando a demanda por máquinas para lavar superfícies caiu nos últimos meses, a empresa desenvolveu um equipamento que já vem com filtros, mangueira e um tambor para recolher o resíduo de água das máquinas de lavar roupa, e conectá-lo ao equipamento da Kärcher usado na limpeza do quintal.

"Foi desenvolvido e produzido em 15 dias. Chega às lojas nesta semana. Quem tem cachorro sabe que não dá para escapar de lavar o quintal", diz Abilio Cepêra, diretor-geral da Kärcher no Brasil.

No interior do Estado de São Paulo, uma fazenda de cafés especiais também se preparou para combater os inevitáveis prejuízos da seca.

"Percebemos que perderíamos produtividade e, esperando isso, já tínhamos instalado um sistema de fermentação diferenciado, que se encaixa muito bem no tratamento dos grãos que vieram nessa colheita", afirma Fabíola Filinto, sócia do Martins Café.

O lote foi vendido como um produto exótico, com notas aromáticas africanas, que só poderiam ser extraídas durante períodos secos.

Segundo a empresária, o produto tem atraído o interesse de exportadores.

A Interbrilho, do setor de limpeza, vai investir em marketing para aumentar a divulgação de seu serviço tradicional de lavagem a seco de automóveis. Mas também decidiu atacar em outras frentes. Lançou um produto para a lavagem a seco de carros, vendido em supermercados, que pode ser usado pelo próprio consumidor.

"Nosso alvo é principalmente o consumidor que chamamos de 'hobbista', que não quer deixar de lavar seu veículo", diz Henrique Caran, diretor-presidente da empresa.

Outra aposta da Interbrilho é a ampliação de uma linha de produtos para animais de estimação.

O "banho seco Petbrill", terá mais fragrâncias para atender o aumento nas vendas, que foi de 40% em 2014.


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