Folha de S. Paulo


Contas públicas fecham 2014 com rombo inédito de R$ 32,5 bilhões

Estados e empresas estatais também registraram no ano passado deficit expressivos em suas contas, de R$ 13,3 bilhões e R$ 4,3 bilhões respectivamente, contribuindo para aprofundar o buraco do setor público, segundo números divulgados nesta sexta pelo Banco Central.

Juntos, União, Estados e municípios fecharam 2014 com deficit de R$ 32,5 bilhões (0,63% do PIB), primeiro resultado negativo registrado pelo BC na série histórica iniciada em dezembro de 2001.

Editoria de Arte/Folhapress

Para 2015, a nova equipe econômica promete um superavit de 1,2% do PIB. Segundo o BC, uma política fiscal "consistente" contribui para o combate à inflação, pois permite que as ações de política monetária (alta dos juros) sejam plenamente transmitidas à economia.

Para alcançar esses resultados, já foram anunciadas várias medidas de aumento de tributos e corte de gastos.

Para a consultoria Rosenberg Associados, as medidas estão na direção correta, mas ainda são insuficientes para garantir a meta do governo. "Mesmo se a meta não for cumprida integralmente, vindo de um primário negativo neste ano, um resultado próximo de 1% já seria comemorável", diz a consultoria.

Como o governo não teve dinheiro para cobrir todas as suas despesas, isso levou a um aumento do seu endividamento, segundo o BC.

A dívida líquida -diferença entre o que o governo deve e seus ativos, como as reservas em moeda estrangeira- terminou o ano em 36,7% do PIB, maior percentual desde fevereiro de 2012 (37,4%). É a primeira vez desde 2009 que a dívida líquida na comparação com o PIB sobe em um ano fechado. O BC espera que suba novamente, para 38,2%, no fim de 2015.

O foco da nova equipe econômica, no entanto, é a redução da dívida bruta, que subiu de 56,7% para 63,4% do PIB de 2013 para 2014. O BC também espera que esse indicador cresça em 2015, para 65,2%. Segundo o BC, isso ocorre porque o redirecionamento da política econômica do governo é gradual.

"O objetivo é estancar a trajetória de crescimento da dívida bruta e depois fazer com que ela volte à trajetória de redução", disse o chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha.

Se forem acrescentadas também as receitas e despesas financeiras, o setor público fechou o ano com deficit de 6,7% do PIB.

SÃO PAULO

As contas de São Paulo, considerando Estado, prefeitura da capital e principais municípios, sofreram a maior deterioração, em termos absolutos, entre 2013 e 2014. Passaram de um superavit de R$ 8,3 bilhões (maior resultado do país em 2013) para deficit de R$ 3,5 bilhões.


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