Folha de S. Paulo


Grécia diz que não vai cooperar mais com grupo de credores

O novo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, afirmou que o governo não tem intenção de cooperar com uma missão da "troica" de credores formada por FMI, União Europeia e BCE (Banco Central Europeu).

O ministro disse ainda que não licitaria prorrogação da data limite de 28 de fevereiro, em sua negociação com os credores. Caso não seja fechada até lá a renovação do programa de resgaste, o país vai perder acesso a linhas de crédito do BCE.

"Essa plataforma permitiu que conquistássemos a confiança do povo grego", disse o ministro a jornalistas depois da reunião, em Atenas, com Jeroen Djisselbloem, o chefe do grupo de ministros de Finanças da zona do euro.

Djisselbloem disse que uma decisão quanto ao prazo seria tomada antes do final de fevereiro, mas rejeitou o apelo da Grécia por uma conferência especial sobre a dívida, dizendo que essa conferência já existia, na forma do grupo de ministros das finanças dos países do euro.

A reunião de uma hora de duração parece nada ter feito para reduzir a distância entre o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras e seus parceiros europeus, que insistiram em que a Grécia precisa respeitar suas obrigações sob o acordo de resgate de € 240 bilhões.

NEGOCIAÇÕES

O novo governo de esquerda da Grécia abriu as negociações com seus parceiros europeus sobre o pacote de resgate ao país que está em vigor, rejeitando completamente qualquer expectativa de um prolongamento do programa e da fiscalização internacional que o acompanha.

Varoufakis se reuniu com Djisselbloem, para o que os dois descreveram como discussões "construtivas" sobre os objetivos do novo governo.

Varoufakis não ofereceu indicação sobre o que a Grécia –que precisa respeitar os termos do programa de resgate do FMI e União Europeia para que seus bancos mantenham acesso continuado a verbas do BCE– faria caso não fosse possível chegar a um acordo dentro do prazo.

Atenas espera o desembolso de uma parcela final de € 7,2 bilhões das verbas de resgate, está sem acesso aos mercados internacionais de títulos, e precisa pagar cerca de € 10 bilhões em dívidas até a metade deste ano.

O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schaüble, repetiu a mensagem em que a administração da chanceler Angela Merkel vem insistindo desde que o novo governo grego tomou posse, afirmando que a generosidade alemã já havia se estendido ao limite, e que o país não aceitaria chantagem.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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