Folha de S. Paulo


Recuo no corte de benefícios mandaria sinal negativo, diz presidente de banco

Um recuo do governo na decisão de impor regras mais rígidas na concessão de direitos trabalhistas mandaria um sinal "extremamente negativo" para os investidores, na avaliação de José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse.

Segundo ele, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, vem conseguindo resgatar a credibilidade do Brasil com investidores estrangeiros, mas essa visão pode se modificar rapidamente a depender das próximas ações do governo.

"O mercado é muito sensível a sinais. Os maiores motivos de apreensão são até que ponto a presidente está convicta da rota que estão assumindo [de ajustes] e até que ponto ela vai bancar a atuação de Levy", disse nesta terça-feira (27) em conversa com jornalistas durante evento promovido pelo Credit Suisse em São Paulo.

Olympio afirmou que há uma nova onda de otimismo em relação ao Brasil entre os estrangeiros, mas entre os brasileiros o ceticismo ainda é grande.

"Neste início de ano, vimos o volume da Bolsa equilibrado entre investidores brasileiros e estrangeiros, coisa que não acontecia havia muito tempo. Os estrangeiros compraram [o discurso de ajustes] de forma muito mais forte do que nós", afirmou.

Para José Olympio, os juros altos e o câmbio relativamente depreciado atraem os estrangeiros a investir, mas estas não têm sido as únicas motivações.

"Quando você conversa com investidores estrangeiros, o discurso não é que está horrível e o preço desconta tudo. O cenário para eles é de que vai melhorar e, além disso, os preços estão atraentes", afirmou o presidente do Credit Suisse.

A instituição prevê que a economia brasileira terá contração de 0,5% neste ano e, caso haja racionamento de energia, a queda pode ser ainda maior: de 1,5%.

Mesmo assim, o banco não acredita que haja risco de redução na nota de risco do país neste ano, a exemplo do que ocorreu com a Rússia.

"O ministro Joaquim Levy tem credibilidade suficiente com as agências de rating para mostrar que vai implementar essa política e melhorar o lado fiscal."


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