Folha de S. Paulo


Diretora do FMI descarta tratamento especial à Grécia após eleição da esquerda

A Grécia tem que respeitar as regras da zona do euro e não pode exigir tratamento especial para sua dívida na esteira da vitória do partido contrário à austeridade Syriza, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em entrevista ao jornal "Le Monde".

"Existem regras internas na zona do euro a serem respeitadas", disse Lagarde. "Não podemos fazer categorias especiais para tal ou tal país."

Lagarde acrescentou que a Grécia ainda precisa realizar reformas importantes, como arrecadação de impostos e redução de atrasos judiciais.

"Não é uma questão de medidas de austeridade, essas são reformas profundas que restam ser feitas", disse ela.

Yannis Kolesidis/Efe
Simpatizantes do Syriza ouvem discurso do líder do partido, Alexis Tsipras, que deverá ser o novo premiê da Grécia
Pessoas ouvem discurso do líder do Syriza, Alexis Tsipras, que deverá ser o novo premiê da Grécia

ELEIÇÕES

Vencedor das eleições legislativas na Grécia, o partido de esquerda radical Syriza selou nesta segunda-feira (26) acordo com o partido Gregos Independentes para formar maioria e governar o país.

Ao todo, a legenda conquistou neste domingo (25) 149 das 300 cadeiras do Parlamento, duas a menos para ter maioria e governar sozinho.

A aliança com os Gregos Independentes, uma legenda de direita nacionalista, dará mais 13 votos no Parlamento, o necessário para um governo de coalizão, que terá como primeiro-ministro Alexis Tsipras, líder do Syriza.

O acordo foi anunciado pelo líder dos Independentes, Panos Kommenos, após reunião com Tsipras na sede do Syriza, em Atenas.

Ao discursar no domingo após o resultado, Tsipras mandou um recado para a Europa: a troika, composta por Banco Central Europeu (BCE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Comissão Europeia, responsável pelo programa de recuperação dos países em crise baseado em medidas de austeridade fiscal), ficou no "passado".

"A população grega fez história e deixou para trás cinco anos de humilhação e sofrimento. Vamos recuperar nossa soberania, com nossas propostas de negociação", disse o líder de esquerda.

Com reportagem de Atenas


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