Folha de S. Paulo


Estação de esqui de luxo sai da quase falência

Nevadas são um ingrediente essencial para o Yellowstone Club, estação de esqui de 5.500 hectares ao norte do Parque Nacional Yellowstone.

Todavia, elas também são um estorvo para as cerca de 2.500 empreiteiras que atuam no local, em ritmo acelerado para construir casas, reformar acomodações e implantar novos projetos.

Anos atrás, seria difícil imaginar essa atividade desenfreada: em 2008 o clube não conseguiu saldar um empréstimo de US$ 375 milhões (R$ 975 milhões), em mais um exemplo do crédito arriscado e da especulação imobiliária que levaram à crise financeira, e se viu atolado na falência.

Porém, só nos últimos dois anos, o clube arrecadou quase US$ 1 bilhão (R$ 2,6 bilhões) em venda de imóveis. Além disso, dobrou o número de sócios, que incluem personalidades como Bill Gates, de 260 em 2009 para mais de 500 neste ano, e se prepara para o que provavelmente será seu inverno mais movimentado.

Naturalmente, nesse caso o termo "movimentado" é relativo e um dos maiores chamarizes de venda. "Na primeira vez que vim esquiar aqui, nem sequer fui à sede do clube porque fiquei apaixonado pelo lugar", disse Sam Byrne, que comprou o Yellowstone Club e o salvou da falência.

JANIE OSBORNE PARA THE NEWYORK TIMES
No Yellowstone Club, a privacidade custa caro: apartamentos acima de US$ 4 milhões e casas, no mínimo US$ 5 milhões
No Yellowstone Club, a privacidade custa caro: apartamentos acima de US$ 4 milhões

O diferencial do clube é a promessa de privacidade, segurança e campos de neve intocados.

Só quem adquire imóveis pode frequentar o clube. Os apartamentos menores custam cerca de US$ 4 milhões (R$ 10,4 milhões), e casas que comportam uma família saem a partir de US$ 5 milhões (R$ 13 milhões), com contribuições anuais de milhares de dólares para melhorias.

Apenas membros, suas famílias e convidados têm acesso ao clube, onde há 15 teleféricos, um campo de golfe de 18 buracos e três cabanas para esquiadores.

Byrne, fundador da CrossHarbor Capital Partners, uma firma de investimentos privados com sede em Boston, disse ter interesse tanto no êxito do clube quanto em seus potenciais lucros.

"Ele transformou um projeto um tanto rústico em algo com perfil institucional", disse Mike Meldman, sócio do clube e presidente da Discovery Land Company, que está a cargo de operações e desenvolvimento.

Na época dos antigos proprietários, os sócios passavam cerca de 20 dias por ano no clube, afirmou Meldman. Agora, a média de permanência é 60 dias por ano.

O clube, que fica nos fundos do Big Sky Resort, foi idealizado por Tim Blixseth. Em meados dos anos 2000, os terrenos eram vendidos por dezenas de milhões.

Os percalços financeiros começaram com um empréstimo de US$ 375 milhões (R$ 975 milhões) para Blixseth e sua mulher na época, Edra, que "eles nunca deveriam ter feito", comentou Byrne.

Em outubro de 2008, os Blixseth se divorciaram e Edra tornou-se a única proprietária. Quando pediu falência, o clube estava tendo prejuízos anuais de US$ 20 milhões (R$ 52 milhões). No início de 2008, um grupo de 14 sócios formou um conselho para representar todos os proprietários.

Em junho de 2009, a CrossHarbor pagou US$ 115 milhões (R$ 299 milhões) pelo clube e entrou com mais US$ 100 milhões (R$ 260 milhões) para aumentar a capitalização e saldar dívidas. A CrossHarbor convidou membros e outros investidores para participarem do negócio.

Byrne relata que levou três anos para vender o inventário excedente e afirmou o seguinte: "Agora, não aceitamos mais especuladores". O número máximo de sócios é de 864 famílias.

Os ex-proprietários deviam US$ 10 milhões (R$ 26 milhões) para empreiteiras locais, fornecedores e funcionários.

JANIE OSBORNE PARA THE NEWYORK TIMES
No Yellowstone Club, a privacidade custa caro: apartamentos acima de US$ 4 milhões e casas, no mínimo US$ 5 milhões
Estação de esqui de luxo sai da quase falência

Quando o clube tiver 700 a 750 famílias associadas, Byrne iniciará o processo de regularizar os títulos de propriedade.

Ele ainda tem muito trabalho pela frente, porém. Desde o final de 2013, comprou uma área de 2.300 hectares próxima dali.

Outra aquisição e uma parceria com a Big Sky Resort permitiram aumentar a área para a prática de esqui para 2.350 hectares.

O Yellowstone Club mantém a visão inicial de Blixseth de um oásis privado para esqui, mas mudou sua abordagem.

O terreno designado para ser explorado mais no alto da montanha está entrando em um programa de conservação, em vez de enfocar a construção de condomínios, apartamentos dúplex e estruturas de lazer.


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