Folha de S. Paulo


Fundado há 46 anos, santuário de Umbanda tem cachoeira, lagoa e mata

Dispersos pelo Estado de São Paulo, onde somam 141,5 mil pessoas, adeptos do candomblé e da umbanda se organizam em grupos pequenos, mas se reúnem em cerca de 1.500 pessoas nos finais de semana no Santuário Nacional da Umbanda, na periferia de Santo André. Para a festa de Oxóssi, que acontece neste final de semana, são esperadas 2.200 pessoas.

Fundado há 46 anos, o espaço ocupa uma área verde de 645 mil m² da antiga Pedreira Montanhão, de onde saíram as pedras para construir a Via Anchieta, conta o fundador e pai de santo Ronaldo Antônio Linares, 80.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Umbandista toma banho de cachoeira em ritual religioso no Santuário Nacional da Umbanda do ABC
Umbandista toma banho de cachoeira em ritual religioso no Santuário Nacional da Umbanda do ABC

Há estátuas das principais divindades das religiões afro-brasileiras, rodeadas de elementos como cachoeiras, pedras, mata e lagoa. Eles são importantes para que os devotos façam oferendas.

"Sou filho de Xangô, que tem como reino as pedreiras. Da primeira vez que vim aqui, ainda faziam detonações, mas continuei vindo", lembra Linares.

O santuário é mantido pela Federação Umbandista do Grande ABC, que tem 2.300 tendas filiadas. A entrada de R$ 10 e o aluguel de galpões para rituais por R$ 50 por grupo servem para pagar 28 funcionários e 8 a 14 seguranças que mantêm o local.

Por ser afastado do resto da sociedade, é possível para os fiéis praticarem rituais à luz do dia. "Viemos para cá para não incomodar e não sermos incomodados", afirma Linares.

"Uma vez fizemos uma entrega em uma encruzilhada na estrada à meia-noite, e um carro passou rente gritando 'macumbeiros'", conta a professora e candomblezeira Carla Fabiane Calixto, 31, do bairro paulistano de Guaianazes.

Não são permitidos sacrifícios de animais no local, o que criou uma pequena fauna de galinhas libertas por devotos do candomblé que souberam da regra ao chegar.

Uma loja chamada Esqueceu, Está Aqui vende itens como velas, alguidares e colares de contas. O faturamento de R$ 6.000 é da fundação.

Angela Dalecio, 58, tem uma floricultura em São Bernardo e vende flores também no santuário nos finais de semana. Ela obtém 62,5% de seu faturamento no local, onde não paga aluguel.


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