Folha de S. Paulo


Paralisação parcial leva Mercedes a abrir negociação com sindicato

Os funcionários da linha de produção de caminhões da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, pararam a produção durante o primeiro turno desta sexta-feira (9), em protesto contra a demissão de 244 trabalhadores.

Durante ato na frente da montadora, que teve a participação também de familiares dos demitidos, a empresa chamou o sindicato para conversar. A expectativa era que durante a reunião, que ocorreu nesta tarde na montadora, houvesse uma proposta para os trabalhadores, mas o encontro acabou sem acordo.

A paralisação na manhã desta sexta foi a segunda nesta semana dos funcionários da Mercedes. A movimentação de hoje contou com a participação de cerca de 2.000 trabalhadores da linha de caminhões.

Na outra paralisação, na quarta-feira, todos os turnos e funcionários participaram do movimento.

VOLKSWAGEN

As atividades na fábrica da Volkswagen seguem paralisadas. Hoje, de acordo com o sindicato, não haverá manifestação na frente da empresa. Os protestos serão retomados na segunda-feira, com o apoio de sindicatos de outras categorias profissionais.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pretende fazer um protesto na Rodovia Anchieta na semana que vem, caso não sejam iniciadas negociação com a montadora.

O ministro Manoel Dias (Trabalho) disse, nesta sexta, que "não há necessidade de ajuda do governo" para estancar o processo de demissão de trabalhadores nas montadoras.

Em entrevista à Folha, Dias afirmou que cabe à pasta tentar acompanhar as discussões e se manter informada sobre a decisão da empresa e dos sindicatos.

OUTRO LADO

Em nota, a Mercedes informou que "durante todo o ano de 2014, a Mercedes-Benz do Brasil utilizou todas as ferramentas legais e negociadas de flexibilização para preservar a sua força de trabalho".

Foram adotadas licença remunerada, férias coletivas e individuais, banco de horas individual e coletivo, semanas com quatro dias de trabalho, redução para um turno em algumas áreas, programas de demissão voluntária e lay-off. A empresa decidiu também interromper sua produção durante todo o mês de dezembro.

"Para manter a competitividade diante dos altos custos fixos de produção, a companhia adotou também as medidas abaixo a partir de dezembro: prorrogação do lay-off para cerca de 750 colaboradores de São Bernardo até o dia 30 de abril de 2015. Dessa vez, com os custos totalmente assumidos pela empresa; abertura de PDV [Plano de Demissão Voluntária], que teve a adesão de cerca de 100 colaboradores; encerramento do contrato de trabalho para cerca de 160 funcionários; adicionalmente, para a planta de Juiz de Fora, Minas Gerais, foi adotada a extensão do lay-off para aproximadamente 170 pessoas até 30 de abril com os custos também assumidos pela companhia".

E ressalta que, apesar de um cenário de queda de produção em suas plantas, "a Mercedes-Benz mantém os investimentos de R$ 730 milhões anunciados recentemente para as fábricas de São Bernardo e Juiz de Foraentre 2015-2018, com o objetivo de assegurar a competitividade da empresa no setor de veículos comerciais".

Também por nota, a Volks confirma as demissões. "Visando estabelecer condições para um futuro sólido e sustentável para a Unidade Anchieta, tendo como base o cenário de mercado e os desafios de competitividade, a Volkswagen do Brasil anuncia que haverá o desligamento de 800 empregados em sua fábrica no ABC Paulista, após período de licença remunerada de 30 dias".

E se refere às demissões como uma "primeira etapa de adequação de efetivo", dando a entender que mais desligamentos virão. A empresa, no entanto, não comenta essa possibilidade.


Endereço da página:

Links no texto: