Folha de S. Paulo


Brasil tem fuga recorde de investidores estrangeiros em dezembro

Os investidores estrangeiros retiraram US$ 14,542 bilhões de aplicações financeiras do país em dezembro, mês marcado pela desvalorização de moedas de países emergentes, como o rublo russo, além do derretimento do preço do petróleo.

Foi a maior debandada desse tipo de investidor já registrada no país, superando momentos como o da crise global em 2008 e a desvalorização do real de 1999. O rombo, que desconta os ingressos de recursos, é o maior desde 1982, quando o Banco Central iniciou a pesquisa.

Sazonalmente, dezembro costuma ser um mês ruim para o fluxo de capital do Brasil para o exterior devido às remessas de lucros das multinacionais para suas matrizes, além de acertos anuais dos fundos de investimento.

Editoria de arte/Folhapress

Neste ano, a situação piorou porque secou a captação de recursos das empresas brasileiras no exterior devido ao escândalo da Petrobras. Desde setembro, só a Rio Oil se atreveu a fazer uma captação no exterior, de US$ 1,1 bilhão, com juros de 6,75%, considerados elevados.

A saída de recursos derruba o real em relação ao dólar. Em dezembro, a divisa norte-americana subiu 2,89% –de R$ 2,57 para R$ 2,641.

Em 2014, a conta que mede os ingressos e as saídas de recursos do país (conhecida como fluxo cambial) fechou no vermelho pelo segundo ano seguido. O país registrou uma saída líquida de entradas de US$ 9,827 bilhões. Apesar de elevado, o volume é menor do que os US$ 12,261 bilhões do ano anterior.

O fluxo cambial mede tanto as transações financeiras quanto os pagamentos do comércio exterior. Nas parte financeira, os estrangeiros retiraram US$ 13,424 bilhões do país em 2014. Esse rombo foi amenizado pela entrada de US$ 4,137 bilhões do comércio exterior, como adiantamento a exportadores.

"O fluxo cambial reflete o sentimento do mundo com relação ao Brasil. Além de o cenário não ser favorável a novos investimentos, as empresas também não conseguiram buscar recursos no exterior", disse Arnaldo Curvello, diretor de gestão da Ativa.

"Estamos observando uma reversão da tendência dos investimentos diretos e de portfólio dos emergentes para os EUA", disse Marcelo Ribeiro, estrategista da Pentágono.

No dia 2, primeiro dia útil do ano, houve uma saída de US$ 1,087 bilhão.

MERCADOS

Nesta quarta (7), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve desvalorização de 0,15%, cotado em R$ 2,695. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou com alta de 3,05%, amparado pelo bom desempenho de papéis de bancos, Petrobras, Vale e siderúrgicas, além do clima de menor aversão ao risco nos mercados internacionais.


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