Folha de S. Paulo


Em três dias, construtora OAS dá calote de R$ 117,8 milhões

Com dois calotes seguidos em apenas três dias, a empreiteira OAS já deixou de pagar R$ 117,8 milhões a investidores no Brasil e no exterior. A empresa entrou numa grave crise financeira depois que seu crédito secou por causa da Operação Lava Jato.

Nesta segunda-feira (5), a OAS não pagou R$ 101,8 milhões em debêntures (títulos de dívida) que venceriam apenas em 2016, mas foram antecipadas por causa da crise da empresa.

Outros R$ 16 milhões em juros de papéis no exterior já não tinham sido honrados na sexta (5). A empreiteira tem mais obrigações vencendo no final deste mês e em abril.

A Folha apurou que a estratégia da empresa é não pagar bancos e investidores e preservar seu caixa para garantir o andamento de suas obras. A ideia é fazer isso enquanto tenta vender seus ativos para pagar dívidas.

Após os calotes, três agências de classificação de risco já rebaixaram a empresa. A primeira foi a Fitch e, nesta segunda, foi a vez da S&P e da Moody's.

Os bônus da OAS no exterior, que já vinham sendo negociados com descontos característicos de empresas em "default", viraram pó e estavam cotados por apenas 10% do seu valor nesta segunda.

Editoria de Arte/Folhapress

Por meio de nota, a empresa informou que "ambas as suspensões de pagamentos estão em linha com o anunciado plano de reestruturação de dívidas que será levado aos credores".

Como a Folha antecipou em dezembro, a OAS contratou assessores para preparar um plano de renegociação de sua dívida de R$ 7,9 bilhões com credores. Metade dessa dívida está nas mãos de investidores estrangeiros. No Brasil, o maior credor é o Bradesco, com R$ 900 milhões.

O plano, que deve ser apresentado nos próximos dias, está sendo preparado pela G5 Evercore, na área financeira, e pelos escritórios Mattos Filho e White & Case, no campo jurídico.

LAVA JATO

Desde que a Operação Lava Jato ganhou corpo, a situação da OAS vem piorando a cada dia. Uma das empresas acusadas de subornar diretores da Petrobras para conseguir contratos, a empreiteira passou a receber com atraso não apenas da estatal, mas de outros órgãos do governo.

Na semana passada, a Petrobras anunciou que não vai permitir a participação das 23 empresas investigadas na Lava Jato em novos projetos.

Com o presidente José Adelmário Pinheiro Filho e os principais diretores na cadeia desde novembro, o dono da OAS, César Mata Pires, nomeou novos executivos.

Elmar Varjão assumiu a presidência da OAS Engenharia e Fábio Yonamine a presidência da OAS Investimentos. O grupo, que surgiu na Bahia, tem a terceira maior construtora do país.


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