Folha de S. Paulo


Petrobras pesa e puxa Bolsa para baixo após feriado; dólar tem queda

As ações da Petrobras puxam a Bolsa brasileira para o terreno negativo nesta sexta-feira (26), na primeira sessão após o feriado de Natal e em um dia que deve ter poucos negócios, a exemplo do que ocorreu nos demais pregões da semana.

Às 10h53, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, tinha queda de 0,68%, a 50.544 pontos. Das 70 ações negociadas, 44 caem, 22 sobem e quatro operam sem alterações.

Os papéis da petrolífera caem por causa de notícias negativas envolvendo a empresa, entre elas a informação de que a petrolífera está assumindo pagamentos a fornecedores devidos por firmas com as quais mantém contratos, inclusive três envolvidas na operação Lava Jato, da Polícia Federal, conforme apurado pela Folha.

Na terça-feira (23), a agência internacional de classificação de risco Moody's colocou a nota de crédito Baa2 da petrolífera em revisão para possível rebaixamento. Esse é o passo anterior a um corte, o que significa que a agência vai analisar nas próximas semanas informações sobre a estatal que podem embasar uma redução.

Com uma mudança assim, a petroleira passaria a ter nota Baa3 e ficaria a apenas um passo de perder o grau de investimento, espécie de selo de que a empresa é um boa opção para se investir. Hoje, a estatal está dois níveis acima pela escala da agência.

De acordo com a Moody's, a revisão reflete preocupações quanto a potenciais pressões caso a companhia não cumpra as exigências no que diz respeito à publicação de resultados financeiros, levando os investidores a acelerar os resgates.

"A Petrobras é o destaque. As notícias sobre a empresa são negativas, então em um dia de mercado indefinido, como hoje, a Petrobras acaba sendo a grande vilã. A notícia de que a empresa terá que assumir as dívidas com as empreiteiras abala mais ainda os papéis da companhia", avalia Luis Gustavo Pereira, analista da Guide Investimentos.

A empresa também enfrenta problemas no exterior. A cidade americana de Providence, capital do Estado de Rhode Island, deu entrada na véspera de Natal com uma ação coletiva em favor de investidores que compraram papéis da Petrobras. As informações são da Bloomberg.

No processo, que foi iniciado numa corte de Nova York, a cidade de Providence representa investidores que se sentiram prejudicados pelos casos de corrupção que vieram à tona com as investigações da Operação Lava Jato.

Às 10h52, os papéis preferenciais da Petrobras, os mais negociados, caíam 2,73%, a R$ 10,67. Já as ações ordinárias, com direito a voto, tinham baixa de 2,76%, a R$ 10,21.

A não divulgação do balanço auditado do terceiro trimestre é outro dado que pesa contra a Petrobras, afirma. "Há dúvidas ainda sobre quando o balanço será divulgado e se essa falta de divulgação não vai levar a uma antecipação das dívidas da empresa", afirma.

"Se a Petrobras não divulgar o balanço até o meio do ano que vem, será obrigada a pagar algumas dívidas. Quanto mais tempo passa, mais esse montante de dívidas que podem ser antecipadas vai aumentando", ressalta.

O analista destaca que, em um pregão de poucos negócios, qualquer operação mais volumosa pode influenciar a Bolsa. "A liquidez vai ser baixa, o que pode provocar volatilidades no pregão. Além disso, os investidores estarão atentos às Bolsas americanas, que passam por um forte rali de fim de ano. E o nosso mercado pode acompanhar uma eventual alta lá nos EUA", diz.

Às 10h58, as ações da petrolífera lideravam as quedas do Ibovespa. No sentido contrário, os papéis da Rossi Residencial sustentavam o quarto pregão seguido de fortes altas. Às 10h59, os papéis subiam 10,03%. Desde o dia 18, acumulam alta de 66%, em recuperação em relação às fortes baixas sofridas ao longo do ano.

CÂMBIO

No mercado cambial, o dólar opera em queda em relação ao real nesta sexta-feira. Às 10h49, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha queda de 0,58%, a R$ 2,680. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, tinha baixa de 0,11%, a R$ 2,680, no mesmo horário.

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, vendendo 4.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), com volume equivalente a US$ 196,3 bilhões. Foram vendidos 2.050 papéis com vencimento em 1º de setembro de 2015 e 1.950 para 1º de dezembro de 2015.

Ainda nesta manhã a autoridade monetária vendeu os 10.000 contratos de swap que vencem em 2 de janeiro, com volume equivalente a US$ 9,827 bilhões. Até agora, a autoridade monetária já rolou cerca de 90% do lote total.


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