Folha de S. Paulo


Empresários contam como mudaram ao ver que seu mercado iria acabar

Em 2009, um ano e meio depois de Rafael Assa, 35, lançar a marca Geonav para vender aparelhos de GPS para carros, o mercado já havia se transformado.

Empresário deve deixar teimosia quando o negócio vai mal

Eduardo Knapp/Folhapress
Salvador Assa67 e Rafael Assa, 35, que desistiram de vender GPS e hoje comercializam acessórios para celular
Salvador Assa67 e Rafael Assa, 35, que desistiram de vender GPS e hoje comercializam acessórios para celular

"Quando começamos, os aparelhos pareciam mágicos. Mas logo viraram carne de vaca. Em poucos meses surgiram mais de 60 marcas disputando para ver quem tinha o menor preço."

Assa e seu pai decidiram então olhar para as novas tendências. Eles viram que os iPhones começavam a ampliar sua participação no mercado e decidiram investir na fabricação e na venda de acessórios para smartphones.

Hoje, a companhia é cinco vezes maior do que quando decidiu mudar de rumo. Também foi escolhida para abastecer as lojas oficiais da Apple no Brasil.

Empresários precisam estar preparados para reinventar suas empresas quando o que antes era uma oportunidade de lucrar deixa de valer a pena, em especial em uma era em que o avanço tecnológico permite o surgimento de novos produtos e modelos de negócios rapidamente.

A Eletrônica Santana, que nasceu há 50 anos vendendo componentes eletrônicos como válvulas para televisores, é um exemplo de sobrevivência, de quem quase acabou junto com seu mercado.

No início dos anos 1990, com a abertura do Brasil às importações, a empresa paulistana teve de reduzir seu quadro de funcionários de 80 para 8 pessoas. Para os consumidores, passou a valer mais a pena comprar aparelhos inteiros novos do que adquirir os componentes da empresa, diz Rubens Branchini Martins, 39, diretor e filho do fundador da companhia.

Endividado, o negócio começou a se reequilibrar aproveitando a onda das privatizações: passou a vender produtos relacionados a telefonia e segurança eletrônica, mercados que cresceram naqueles anos.

A empresa tomou novo impulso em 2003, quando Martins decidiu apostar na criação de uma loja virtual, coisa que poucas companhias do mesmo porte faziam.

Hoje, a empresa tem cerca de cem funcionários e fatura R$ 35 milhões por ano.

quem manda sms?

A Hanzo, empresa de marketing em celulares criada há dez anos, tem feito a transição de forma gradual, abrindo um mercado ao apagar das luzes daquele que sustentou o negócio até agora.

A companhia teve de se adaptar ao fato de que o SMS, sua principal plataforma para envio de publicidade, está em decadência, sendo substituído por aplicativos como o WhatsApp.

Para sobreviver, usou a sua plataforma de gerenciamento de campanhas para criar um outro sistema, pelo qual clientes podem ter seus próprios apps para fazer promoções, pesquisas e programas de fidelidade.

Federico Massamormile, 45, diz que a receita com os SMS, que continuam sendo enviados, está em queda desde 2011. Essa perda já foi compensada pelos ganhos com aplicativos.

"Vimos gigantes da tecnologia, como a Nokia e a Motorola, caindo por não se adaptar às mudanças. Quem trabalha com inovação tem de se preparar para elas."

ROTA DA TRANSFORMAÇÃO
Mudanças de negócios forçadas pelo mercado

ELETRÕNICA SANTANA
O QUE ERA: A empresa começou como uma loja de peças eletrônicas em São Paulo e vendia produtos como válvulas para televisores –até que eles ficaram obsoletos nos anos 1990
O QUE VIROU: Hoje, trabalha principalmente com produtos de telefonia e oferece serviços de instalação e manutenção. Também comercializa esses itens pela internet

FLORUS
O QUE ERA: Nasceu em 2001 como uma fábrica de cosméticos com distribuição porta a porta. A companhia chegou a ter 8 lojas franqueadas, que lucravam pouco
O QUE VIROU: Especializou-se em fabricar perfumes para outras marcas e pretende lançar uma microfranquia de venda de produtos para salões de beleza em 2015

VIVA!
O QUE ERA: A marca foi fundada em 2008 como uma empresa especializada na importação e na venda de aparelhos de GPS para carros, um mercado que parecia promissor na época
O QUE VIROU: A companhia desistiu do setor para escapar da concorrência. Decidiu migrar de área e passou a desenhar e vender acessórios para celulares

HANZO
O QUE ERA: A companhia, fundada em 2004, é especializada em propaganda por meio de celulares. O principal serviço oferecido é o envio de SMS
O QUE VIROU: Começou a adaptar sua tecnologia neste ano para passar a oferecer aplicativos para interação entre empresas e seus clientes


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