Folha de S. Paulo


Taxa de desemprego contraria expectativas e vai a 4,8%, diz IBGE

Apesar do fraco crescimento econômico, a taxa de desemprego nas maiores metrópoles do país segue em patamar baixo e ficou em 4,8% em novembro em razão a um pequeno aumento da geração de vagas.

Porém, diferentemente do esperado, não se trata do menor patamar da taxa de desocupação para o mês de novembro da série histórica do IBGE, iniciada em 2002. Isso porque nem todas as pessoas que buscaram trabalho encontraram uma oportunidade.

Com isso, a taxa de desemprego de novembro é ligeiramente superior à de outubro, de 4,7%, e ficou acima da média das estimativas de analistas consultados pela agência Bloomberg, de 4,5%.

A taxa também foi um pouco maior do que o percentual verificado em novembro de 2013 (4,6%). Os dados foram divulgados pelo instituto na manhã desta sexta-feira (19).

Editoria de Arte/Folhapress
Taxa mensal de Desemprego

VAGAS

Graças às contratações de final de ano do comércio e de alguns ramos dos serviços (como alimentação, turismo e alojamento), o emprego, medido pelo número de pessoas ocupadas no mês, cresceu 0,5% de outubro para novembro. Foram abertas 105 mil vagas, totalizando 23,4 milhões de pessoas empregadas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre).

A geração de empregos, que vinha em queda ou estagnada desde julho, subiu pelo segundo mês consecutivo em novembro. Em outubro, a alta havia sido maior: 0,8%.

Trata-se de uma mudança, ainda que discreta, de tendência. No acumulado deste ano (janeiro a novembro), o emprego ficou praticamente estacionado, com uma leve redução do 0,1% (dentro da margem de erro da pesquisa do IBGE).

Não espera-se, porém, que esse cenário de retomada se mantenha no início de 2015, pois tradicionalmente o desemprego é mais elevado no primeiro trimestre, quando a economia sempre anda a passos mais lentos.

MAIS DESEMPREGADOS

Apesar do avanço do emprego, nem todos que buscaram trabalho, animadas com as possibilidades de contratações de trabalhadores temporários no fim do ano, foram absorvidas pelo mercado de trabalho em novembro.

O resultado é que o total de desempregados teve alta de 4,4% frente a outubro. O percentual corresponde a 50 mil pessoas que ingressaram nas fileiras dos desocupados –contingente que atingiu 1,2 milhão em novembro.

Um movimento também distinto do restante do ano foi o aumento da procura por trabalho em novembro. Segundo o IBGE, o total de inativos (pessoas fora do mercado de trabalho que não estão em busca uma ocupação) caiu 0,8% de outubro para novembro –o que corresponde a 147 mil pessoas a menos na chamada população não economicamente ativa. Ou seja, mais gente voltou ao mercado de trabalho e tentou se empregar.

Alguns encontraram um emprego e outros ficaram na condição de desempregados, o que mostra que não foram gerados empregos em número suficiente para fazer frente à maior procura por trabalho.

Na média de 2014 até novembro, o número de inativos cresceu 3,8%, o que ilustra a forte saída de pessoas do mercado de trabalho. Já a queda da inatividade em novembro foi a maior para tal mês do ano de toda a série histórica do IBGE.

INATIVIDADE

Durante praticamente todo o ano de 2014, a taxa de desemprego se manteve em patamares historicamente baixo não por causa da acelerada criação de empregos, mas sim porque muitas pessoas foram para a inatividade.

Esse movimento ocorre em tempos de baixo crescimento econômico, quando a busca por um trabalho arrefece com a dificuldade de encontrar um emprego.

O aumento da renda das famílias nos últimos anos permitiu que mulheres e jovens pudessem ficar em casa cuidando dos filhos ou estudando, por exemplo. Tal tendência se repetiu em novembro. "Uma possibilidade é que as pessoas procuraram se qualificar e aguardar uma oportunidade melhor", disse Adriana Berenguy, pesquisadora do IBGE.

Para a técnica do instituto, o retorno das pessoas ao mercado de trabalho em novembro, por sua vez, está ligado às perspectivas de encontrar emprego no final do ano, quando aumentam as contratações.

SETORES E RENDIMENTO

Pelos dados do IBGE, as vagas criadas em novembro ficaram concentradas no comércio (alta de 2,4% frente a outubro, ou 103 mil pessoas), indústria (1,8%, ou 62 mil pessoas) e outros serviços (1,2%, ou 50 mil pessoas).

O rendimento dos trabalhadores das seis regiões pesquisadas subiu, em média, 0,7% de outubro para novembro, estimado em R$ 2.148,50. Em relação à novembro de 2013, a alta foi de 2,7%.

De outubro para novembro, a expansão de renda foi puxada pelos ramos de serviços, construção e emprego domésticos. Os salários da indústria e do comércio caíram.

2015

O Bradesco espera um aumento da taxa de desemprego em 2015 –de 4,9% previsto para esse ano para 5,7% em 2015. A expansão se dará com a "moderação da ocupação em resposta à atividade econômica [mais fraca]", relata o banco em comunicado a seus clientes.


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