Folha de S. Paulo


Petrobras e bancos fecham no vermelho, e puxam Bolsa para baixo

Influenciado pela instabilidade das ações da Petrobras e dos bancos, o principal índice da Bolsa brasileira fechou esta quinta-feira (18) em queda. Com isso, destoou do clima positivo nos mercados internacionais, que refletiram a sinalização por parte do banco central dos EUA de que será paciente para subir os juros naquele país.

Nos EUA, as Bolsas tiveram fortes altas: o índice Dow Jones subiu 2,43% –maior ganho diário desde dezembro de 2011– e o S&P 500 ganhou 2,40% –maior alta em um dia desde janeiro de 2013.

Já o Ibovespa teve desvalorização de 0,45%, para 48.495 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,047 bilhões.

As ações da Petrobras, que chegaram a subir mais de 7%, fecharam em queda: -2,07% nas preferenciais (sem direito a voto), para R$ 9,46, e -0,22% nas ordinárias (com direito a voto), para R$ 9,02 cada uma. Segundo analistas, a mudança na tendência desses papéis seguiu a virada no preço do petróleo no exterior, que, depois de ter começado o dia em alta, fechou no vermelho.

"A ação da Petrobras está muito volátil, é natural esse movimento que vimos hoje. Vejo o desempenho da Bolsa hoje com o Ibovespa retornando à sua tendência principal, que é de baixa. Teve apenas um 'repique' [retomada de curto prazo]. Acho que, até o fim do ano, o Ibovespa vai continuar instável, oscilando entre 47 mil e 50 mil pontos", disse Filipe Machado, da Geral Investimentos.

Para Machado, o que influencia a tendência de baixa da Bolsa é a queda das commodities, além do fato de os emergentes estarem sofrendo com incertezas econômicas e os EUA se recuperando de maneira consistente.

"No Brasil, a nova equipe econômica ainda não assumiu. Em suas falas, os novos ministros têm mostrado que querem transparência e ajuste fiscal. A partir do momento que forem tomadas medidas, se elas agradarem, o mercado pode mudar de tendência. Até lá, nada muda", acrescentou.

A avaliação de Wagner Caetano, diretor da consultoria Cartezyan, é que foi natural o ajuste da Bolsa nesta quinta, depois de ter subido 3,63% na véspera. "Ontem, com o vencimento de opções, os estrangeiros dobraram a posição que eles tinham em compra de índice futuro. Com isso, o dólar teve uma queda muito forte, que foi mantida hoje. Isso significa que está tendo entrada de capital estrangeiro no país, especialmente para a renda variável", disse.

A sinalização do Fed (banco central dos EUA) de que será paciente para subir os juros naquele país, segundo operadores, deixou os estrangeiros mais dispostos a tomar riscos em aplicações de mercados emergentes.

Com isso, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu pelo segundo dia. A baixa foi de 1,67% sobre o real, para R$ 2,655 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 1,70%, também para R$ 2,655.

PAPÉIS

Depois de ter ficado entre as maiores altas do Ibovespa na véspera, o setor siderúrgico caiu nesta quinta. As ações preferenciais da Usiminas perderam 5,61%, para R$ 5,05 cada uma, enquanto a CSN viu seu papel recuar 4,17%, para R$ 5,29.

Na contramão do setor, a Gerdau subiu 1,89%, para R$ 9,17, após analistas do Bank of America Merrill Lynch terem elevado a recomendação da siderúrgica para compra, embora tenham reduzido o preço-alvo da ação para R$ 12.

A Embraer resistiu à queda do dólar –que prejudica companhias com receitas em moeda americana, como ela– e subiu 0,63%, para R$ 24. O Congresso aprovou nesta madrugada medida provisória que cria um plano de desenvolvimento da aviação regional, considerava por analistas positiva para a fabricante de aeronaves.

Os papéis do setor financeiro, o de maior peso no Ibovespa, recuaram com novas especulações sobre possibilidade devolta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Itaú recuou 0,75%, após subir 5% na véspera. Bradesco caiu 0,6% e Santander teve desvalorização de 0,61%.

As ações do Pão de Açúcar recuaram 1,03%, para R$ 96,50 cada uma, após a rede francesa de varejo Carrefour confirmar a venda de 10% da sua subsidiária brasileira a Abilio Diniz, ex-presidente do conselho de administração do Pão de Açúcar.

A Gol subiu 6,59%, para R$ 13,75, com a queda do petróleo, que encarece o custo operacional da companhia aérea. O ganho ainda refletiu o aumento na recomendação do Bank of America Merrill Lynch para compra. Já a Sabesp avançou 3,08%, para R$ 17,06, em meio ao anúncio de sobretaxa para os consumidores que aumentarem o consumo de água em São Paulo.

LEILÕES DO BC

A menor pressão no câmbio também refletiu as atuações do Banco Central. Nesta quinta, o BC fez seu leilão diário de 4.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 196,2 milhões.

A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar os vencimentos de 10.000 contratos de swap previstos para 2 de janeiro de 2015, por US$ 486,7 milhões.

Houve pela tarde um reforço de um leilão de linha de crédito de US$ 2 bilhões para injetar recursos novos no mercado. É uma operação em que o BC vende a moeda estrangeira, mas com a obrigação, por parte de quem toma o empréstimo, de devolver o dinheiro após um determinado período.

Os empréstimos desse tipo têm sido utilizados pelo BC para atender a uma demanda de fim de ano por dólares, principalmente de exportadores.


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