Folha de S. Paulo


Ação da Petrobras cai e chega a valer menos que R$ 9; dólar bate R$ 2,746

A terça-feira (16) é marcada por novo dia de aversão ao risco nos mercados internacionais. No Brasil, o principal índice da Bolsa brasileira também é afetado negativamente por incertezas em relação ao rumo da economia brasileira e a deterioração de uma das principais companhias de capital aberto do país, a Petrobras.

Às 11h55 (de Brasília), o Ibovespa tinha desvalorização de 0,39%, para 46.834 pontos. O índice chegou a cair 2,48% logo após a abertura dos negócios nesta terça, para a mínima de 45.852 pontos –menor nível desde março. O volume financeiro gira em torno de R$ 1,482 bilhão

As ações preferenciais da Petrobras, sem direito a voto, chegaram a cair 6,75% minutos após o início das negociações nesta terça-feira, atingindo a mínima de R$ 8,56. Os papéis, no entanto, inverteram a tendência no fim da manhã e passaram a subir. Às 11h55, a valorização era de 1,85%, para R$ 9,35. O ganho chegou a ser de 8,06% mais cedo.

No mesmo sentido, as ações ordinárias da Petrobras, com direito a voto, mudaram de tendência para alta, após terem caído até 6,10% mais cedo, para R$ 8 cada. Às 11h55, a valorização era de 1,29%, para R$ 8,63. Elas chegaram a subir até 4,81% na máxima do dia, por ora, quando estavam cotados em R$ 8,93.

Em seu menor nível em mais de dez anos, as ações da Petrobras continuam pressionadas por uma série de fatores negativos envolvendo a empresa, como escândalos de corrupção que podem comprometer a permanência da presidente da companhia, Graça Foster, em seu cargo, além da falta de divulgação do balanço referente ao terceiro trimestre deste ano e a forte queda nos preços do petróleo no exterior.

DÓLAR DISPARA

O cenário negativo tanto no exterior quanto na cena doméstica aumenta a demanda por aplicações consideradas mais seguras, como o dólar, pressionando a cotação da moeda americana em relação às principais divisas internacionais nesta terça.

As moedas dos emergentes sofrem pressão adicional por causa da operação do banco central da Rússia, que elevou a taxa de juros daquele país em 6,5 ponto percentual, para 17% ao ano, numa medida emergencial para tentar conter a escalada do dólar sobre o rublo russo. Apenas na última segunda-feira a moeda russa perdeu 9,58% sobre a divisa dos EUA.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 1,53% sobre o real, às 11h55, cotado em R$ 2,729 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, mostrava alta de 1,56%, também para R$ 2,727 na venda. Ambas as cotações estão em seu maior nível em mais de nove anos e, nesta manhã, chegaram a bater em R$ 2,746.

INTERVENÇÕES

O mercado também aguarda com cautela uma sinalização por parte do Banco Central sobre o rumo de seu programa de intervenções no câmbio, previsto para acabar em 2014, em um cenário de expectativa de aumento nos juros dos EUA em breve, o que adicionaria ainda mais pressão sobre o dólar.

Nesta terça, o BC deu continuidade às intervenções diárias no mercado, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 196,6 milhões. A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar os vencimentos de 10.000 contratos de swap previstos para 2 de janeiro de 2015, por US$ 488,8 milhões.

Haverá pela tarde um reforço de um leilão de linha de crédito de US$ 1 bilhão para injetar recursos novos no mercado. É uma operação em que o BC vende a moeda estrangeira, mas com a obrigação, por parte de quem toma o empréstimo, de devolver o dinheiro após um determinado período.

Os empréstimos desse tipo têm sido utilizados pelo BC tanto para atender a uma demanda de fim de ano por dólares, principalmente de exportadores, mas também para amenizar a escalada da taxa de câmbio.


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