Como reflexo da queda nas vendas em São Paulo, o estoque de imóveis residenciais também aumentou. Em outubro, segundo o Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), havia 23.652 unidades lançadas e não vendidas.
Este é o maior número registrado desde o início da série, em 2004.
É considerado estoque o que não é vendido em um período de até três anos após o lançamento.
Richard Carson - 04.mai.2006/Reuters | ||
Até a semana passada, a expectativa de venda de imóveis novos em 2014 em São Paulo era de 24 mil. Agora, esse número está entre 20 mil e 22 mil, segundo o Secovi.
Em outubro, foram negociadas 963 unidades na capital paulista, queda de 65,4% ante setembro. Considerando a média vendida no ano, 1.534 unidades, o estoque equivale a 15 meses de vendas.
"Apesar de essa equivalência ter sido de seis meses no ano passado, o alto estoque de 2014 ainda não assusta", diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.
Para o presidente do Sinduscon (que reúne a indústria da construção civil), José Romeu Ferraz Neto, um estoque que demande 15 meses para vendas é alto, mas pode ser absorvido pelo mercado.
"O desempenho no setor em 2015 dependerá dessas respostas da equipe econômica. A demanda por imóveis existe, mas é preciso que as pessoas se sintam seguras para investir", acredita Neto.
Das 23 mil unidades ainda à venda, a maior parte nem começou a ser construída, pois foi lançada nos últimos seis meses. O Secovi estima que a parcela de apartamentos prontos equivaleria a 10% desse total.
Na opinião de João da Rocha Lima Jr., professor da Escola Politécnica da USP, se o imóvel na planta leva mais tempo para ser vendido, não é tão grave. "Mas as construtoras devem pensar duas vezes antes de lançar empreendimentos em 2015."
LANÇAMENTO E PREÇO
Com o mercado mais fraco, as incorporadoras optaram por segurar projetos –no acumulado dos dez primeiros meses, o volume de lançamentos é 16% menor que igual período de 2013.
Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, estima 26 mil unidades novas ao todo no ano.
Em outubro, os lançamentos residenciais somaram 2.336 unidades, segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio). A queda é de 41,9% na comparação com setembro e de 20,9% ante 2013.
Em relação aos preços, o valor do imóvel novo subiu em patamar mais próximo ao da inflação. O valor médio do metro quadrado na cidade de São Paulo, segundo dados de outubro, está em R$ 9.224.
Construtoras ouvidas pela reportagem preveem um período de promoções para equilibrar o estoque e a venda, com descontos que variam.
Na perspectiva de acomodação dos preços, é preciso saber garimpar oportunidades, recomendam as construtoras.