Folha de S. Paulo


Ações da Petrobras caem mais de 5% e fazem Bolsa perder os 50 mil pontos

As ações da Petrobras voltaram a cair nesta terça-feira (9), dessa vez refletindo a ação coletiva contra a estatal em nome de todos os investidores que compraram ADRs (recibos que representam ações de uma empresa na Bolsa de Nova York) da companhia entre maio de 2010 e 21 de novembro de 2014.

Os papéis já haviam alcançado na véspera seu menor valor em mais de nove anos, após uma queda de mais de 6%. A desvalorização desta terça ajudava a pressionar o principal índice da Bolsa brasileira, que também era afetado pela baixa dos papéis da mineradora Vale. Às 12h (de Brasília), o Ibovespa cedia 0,74%, para 49.902 pontos –o índice não fecha abaixo dos 50.000 pontos desde março. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,07 bilhão.

No mesmo horário, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras perdiam 5,30%, para R$ 10,89 cada um. Já os ordinários (com direito a voto) recuavam 5,22%, para R$ 10,16.

De acordo com o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, caso a ação em Nova York gere a suspensão dos ADRs da estatal, "[...] a BMFBovespa informou que poderia ocorrer um 'buyback' das ADRs pela própria Petrobras, ou seja, a companhia realizaria um leilão [para recomprar os papéis dos investidores]". Segundo o analista, caso isso ocorra, a Petrobras tentaria vender essas ações aqui no Brasil, devido ao seu problema de caixa.

Os ADRs representam 22% do capital social da Petrobras, afirmou Kim, ou cerca de R$ 31 bilhões, considerando que a cifra total atualmente gira em torno de R$ 144 bilhões. O analista acredita que, caso a Petrobras tenha que realizar o "buyback" e depois vender as ações no Brasil para poder reduzir esse prejuízo, "geraria um problema bem sério".

"Poderíamos ver uma queda de mais de 10% [das ações] se isso ocorrer? Sim, poderemos, pois se a companhia tentar vender, no atual cenário, R$ 31 bi no mercado doméstico, pressionará ainda mais as ações", disse.

PAPÉIS

Além da Petrobras, também pressionava o Ibovespa nesta terça a queda das ações preferenciais da Vale, de 2,27% às 12h, para R$ 17,65 cada uma. A baixa novamente seguia a desvalorização dos preços do minério de ferro na China. A mineradora também fechou acordo com a japonesa Mitsui para a trading de commodities assumir uma participação na mina de carvão Moatize, em Moçambique.

O setor financeiro ameniza o efeito da perda das grandes produtoras de commotidies sobre a Bolsa brasileira. O Itaú Unibanco ganhava 0,3%, para R$ 35,76, enquanto o papel preferencial do Bradesco subia 1,40%, para R$ 36,08. Os bancos representam o segmento com maior peso dentro do Ibovespa.

Na contramão, o Banco do Brasil via suas ações caírem 1,89%, para R$ 25,32 cada uma, após a coluna de Bernardo Mello Franco, da Folha, apontar que o Planalto ofereceu ao deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) uma vice-presidência no maior banco do país.

Outra estatal, a Eletrobras também operava no vermelho, após a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ter negado nesta terça-feira pedido da empresa por revisão extraordinária da tarifa de repasse de potência de Itaipu em 2014. As ações preferenciais da empresa cediam 2,51%, para R$ 6,59 cada uma.

Na ponta positiva do Ibovespa, subiam Cosan (+2,96%) e ALL (+2,37%). O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) informou que a superintendência-geral do órgão de defesa da competição recomendou a impugnação da incorporação da transportadora ferroviária ALL pela Rumo Logística, do grupo Cosan. Na última segunda, data do parecer da superintendência que foi divulgado nesta terça, ALL caiu 4,88% e a Cosan recuou 7,22%.

CÂMBIO

Após ter batido na véspera seu maior valor desde 2005, a cotação da moeda americana voltou a cair nesta terça-feira. Às 12h, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha desvalorização de 0,45% sobre o real, cotado em R$ 2,601 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedia 0,34%, para R$ 2,602.

Segundo operadores, a queda do dólar reflete a fala de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, durante audiência pública no Congresso Nacional nesta terça. Tombini sinalizou novas altas da taxa básica de juros no próximo ano, sem dar pistas sobre a duração e intensidade dos aumentos.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 198,3 milhões.

A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar os vencimentos de 10.000 contratos de swap previstos para 2 de janeiro de 2015, por US$ 491,6 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 35% do lote total com prazo para o segundo dia do mês que vem, que equivale a US$ 9,827 bilhões.


Endereço da página:

Links no texto: