Folha de S. Paulo


59% das obras de linhas de transmissão no país estão atrasadas

Mais da metade das obras de linhas de transmissão de energia em andamento do país está atrasada.

Relatório publicado em novembro pela Aneel mostrou que 59% dos 388 projetos em andamento estão atrasados. São 229 obras fora do cronograma no país, contra 81 em dia e 27 adiantadas.

Editoria de Arte/Folhapress

Os atrasos, que impedem que usinas de geração de energia sejam ligadas à rede de distribuição, contribuem para a sobrecarga das linhas já existentes, o que eleva a vulnerabilidade do Sistema Interligado Nacional.

Relatório publicado em outubro pelo ONS sugere que o ritmo de expansão do sistema de transmissão está aquém do necessário. De acordo com Plano de Ampliações e Reforços, 310 obras de transmissão precisam ser licitadas de 2015 a 2017 para reforçar a atual malha de transmissão, em um investimento estimado em R$ 13,8 bilhões.

Desse total, 104 projetos (34% ) já tinham sido sugeridos no relatório anterior, que engloba o triênio de 2014 a 2016, e não foram licitados.

Um dos principais entraves, segundo o setor, é a dificuldade de obtenção de licenciamento ambiental dado pelo Ibama. Segundo o presidente da Abrate (Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica), Mário Dias Miranda, as licenças tem demorado em média um ano e meio, quando o normal seria em torno de quatro meses.

Estudo feito pelo Instituto Acende Brasil analisou projetos de linhas de transmissão prontos e concluiu que o prazo médio exigido pela Aneel para a conclusão dos empreendimentos é de dois anos. A obra só pode começar depois de conseguida a licença provisória e as de instalação e operação.

"Isso significa dizer que as empresas que investem em transmissão gastam 75% do tempo estipulado pela Aneel para a conclusão das obras com licenciamento. Como não é possível fazer uma obra dessa complexidade em poucos meses, os projetos atrasam", afirmou Cláudio Sales, presidente do Acende Brasil.

O instituto sugere que os lotes a serem oferecidos em leilão da Aneel venham com a licença prévia expedida, como nos leilões de geração.

As perspectivas de atraso aliadas ao modelo atual de leilões da Aneel tem, segundo Sales, reduzido o interesse pelas linhas de transmissão, segmento ainda considerado o mais seguro do setor, já que as concessões são para contratos de 30 anos.

Ele diz que os cálculos da Aneel para calcular o faturamento previsto com os empreendimentos não levam em conta os custos extras com licenciamento. No último leilão da Aneel, ocorrido em 18 novembro, mesmo com a extensão dos prazos para a conclusão do projeto para 30 a 42 meses, somente 4 dos 9 lotes foram arrematados.


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