Impulsionado por alimentos e gasolina, o IPCA, índice oficial de inflação, acelerou e fechou novembro em 0,51%, acima do 0,42% de outubro, segundo o IBGE. Com esse resultado, o índice acumula alta de 5,58% neste ano. Em 12 meses, a taxa de 6,56% supera o teto da meta (6,5%), pelo quarto mês seguido.
Embora o IPCA mensal tenha ficado pouco abaixo da média das previsões (0,55%), economistas não descartam um estouro da meta neste ano, o que obrigaria o BC a se justificar numa carta oficial.
É que a pressão dos alimentos tende a se intensificar, como mostram reajustes no atacado. Em novembro, as carnes puxaram a alta de 0,77% nos alimentos.
Para não ultrapassar o teto da meta, o IPCA de dezembro tem que ser de no máximo 0,86%, segundo o IBGE. Consultorias trabalham com limites de até 0,91% em dezembro, considerando que o governo pode descontar o arredondamento se a inflação em 12 meses fechar em 9,54%.
No ano passado, o IPCA em dezembro foi 0,92%.
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Por enquanto, previsões de economistas ouvidos pela Folha variam de 6,37% ao final do ano, feita pela consultoria LCA, a 6,5%, segundo o Santander.
"É importante lembrar que de qualquer forma vamos completar cinco anos com inflação acima de 6%, o que é ruim", diz a economista do banco Tatiana Pinheiro.
O Itaú calcula alta de 6,47% no ano, e a Rosenberg & Associados projeta uma taxa de 6,4%.
Há consenso entre os analistas de que itens como alimentação e passagens aéreas estarão entre os maiores focos de pressão em dezembro.
"O grupo de alimentos inverte a tendência benéfica vista no meio do ano. Mora aí o maior risco de que a inflação estoure a meta de inflação neste ano. A recente seca pode aumentar a pressão nos itens in natura'", diz a Rosenberg & Associados.
O Bradesco, em relatório, também alerta para o risco de elevação dos alimentos no fim do ano, além do possível impacto da alta do dólar em alguns produtos e de aumentos de energia e gasolina.
Para 2015, a situação segue complicada, pois a energia, cujas altas foram represadas neste ano, deve subir com força, ao lado de combustíveis e serviços.
Segundo Marcel Caparoz, economista da RC Consultores, o foco do combate à inflação tem sido o aumento dos juros. Essa estratégia, diz, não será "suficiente" para manter a inflação controlada em 2015, sem uma política fiscal mais austera.