O comércio virtual brasileiro faturou R$ 1,16 bilhão no dia da Black Friday, festival de descontos realizado na última sexta-feira (28). Foi uma alta de 51% em relação ao mesmo dia do ano passado, segundo a consultoria E-bit.
O resultado está próximo da expectativa da empresa, que era que o evento movimentasse R$ 1,2 bilhão. Se forem consideradas também as vendas de quinta-feira (27), quando sites começaram a apresentar ofertas, o valor chega a R$ 1,4 bilhão.
A expectativa é que esse tenha sido o "Natal do e-commerce", e o setor não espera novo pico de vendas antes das festas de fim de ano. No ano passado as vendas caíram em dezembro.
A Black Friday foi importada no Brasil por empresários de e-commerce em 2010. Apesar de grandes lojas físicas também terem aderido ao longo dos anos, podem ter sido prejudicadas pelo festival.
Medição da Serasa Experian, que tem como fonte informações de lojas de 6.000 empresas, indicou que na semana passada, entre 24 e 29 de novembro, as vendas em lojas de ruas e shoppings caíram 4,6% no Brasil. A comparação é com a mesma semana do ano passado.
Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, diz que a queda foi motivada pela Black Friday, com consumidores optando por fazer compras pela internet.
Na visão dele, o resultado não pode ser explicado pela situação econômica. "É um efeito direto. O comércio está crescendo pouco, mas mesmo assim está crescendo."
Ele aponta, por exemplo, que as vendas para o Dia da Criança tiveram alta de 1,3% neste ano em relação a 2013.
O comércio on-line representa entre 3,5% e 4% do total do varejo no Brasil.
Para Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), a queda é resultado do momento econômico, com inflação elevada e aumento da taxa de juros. "O ano tem sido ruim em geral. Não acho que seja efeito da migração."
O indicador de vendas a prazo do SPC aponta redução acumulada de 0,8% nas vendas nos primeiros dez meses deste ano ante 2013.
QUEDA NOS EUA
Nos Estados Unidos, terra natal da Black Friday, houve menos movimento de clientes. Pesquisa da NRF (associação de varejo) indicou que 133,7 milhões compraram em lojas físicas e pela internet de quinta a domingo, 5,2% a menos do que no ano passado. O gasto total caiu 11%, para US$ 50,9 bilhões.
A associação diz que entre os motivos para o fenômeno estão a antecipação dos descontos promovida pelas lojas e também a melhora da economia do país: com a melhora do otimismo, os clientes estariam menos atraídos por reduções de preço.