O Banco Central deixou aberta a possibilidade de manter o programa de intervenções diárias no mercado de câmbio no início de 2015.
A nova declaração foi uma resposta à alta do dólar nesta sexta (28), provocada pela interpretação de que a autoridade monetária encerraria sua intervenção no mercado de câmbio, que tem como efeito segurar as cotações.
Na quinta (27), durante a entrevista de apresentação da nova equipe econômica, o presidente do BC, Alexandre Tombini, disse que o estoque de contratos de câmbio ofertados até o presente momento "já atende de forma significativa à demanda por proteção cambial".
Com isso, a moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, avançou 2,37%, para R$ 2,5733. O dólar comercial, usado no comércio exterior, teve alta de 1,70% para R$ 2,572.
Sergio Moraes/Reuters | ||
O presidente do BC, Alexandre Tombini, no lançamento de moedas comemorativas da Olimpíada do Rio |
Ontem, em entrevista exclusiva ao "Blog do Planalto", Tombini disse que ainda não há uma definição sobre a manutenção ou não da intervenção e negou ter indicado que ela esteja próxima do fim.
"Eu não disse absolutamente nada em relação ao que vai ser o programa a partir de janeiro de 2015. Eu disse que temos uma posição confortável. Também disse que o volume atual ligeiramente superior a US$ 100 bilhões é um nível bom de proteção aos agentes econômicos, proteção contra variações bruscas na taxa de câmbio", afirmou.
Desde agosto de 2013, o BC tem atuado por meio da venda de novos contratos de swap cambial (o que aumento o valor desse estoque) e também fazendo a renovação dos papéis que vencem todos os meses.
Nas entrevistas, Tombini afirmou que está garantida a manutenção das operações de renovação, pois o BC não vê necessidade de retirar esse estoque do mercado, o que geraria ainda mais pressão sobre o câmbio.
FISCAL
Também em entrevista ao blog, o futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a meta necessária para estabilização da dívida pública é de no mínimo 2% do PIB, "considerando que não haja transferências para bancos e outras fontes de crescimento da dívida bruta".
"Dados o baixo crescimento deste ano de 2014 e o tempo que a economia exigirá para voltar a acelerar, no primeiro ano, em 2015, a meta e superavit primário do setor público deve ser de 1,2% do PIB. Nos anos seguintes subirá para 2%", afirmou.
"Vamos alcançar isso com todas as medidas e a disciplina que for necessária."
Levy disse ainda que o cumprimento dessas metas e a redução da dívida são importantes para criar confiança na economia e garantir a recuperação da atividade e a geração de recursos para as políticas de inclusão social.