Folha de S. Paulo


Consumo tem menor taxa no 3º tri desde 2003 e afeta resultado do PIB

Motor da economia do país nos últimos anos, o consumo das famílias dá sinais de esgotamento e cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre frente ao mesmo período de 2013. Trata-se da mais baixa taxa desde terceiro trimestre de 2003, quando o país vivia uma crise no primeiro ano do governo Lula.

No segundo trimestre, a alta havia sido de 1,2% na mesma base de comparação, segundo o IBGE. Na comparação com o segundo trimestre, o consumo das famílias caiu 0,3%. Foi a maior queda desde o último trimestre de 2008, quando a crise internacional derrubou a economia e o consumo.

Para Rebeca Palis, gerente das Contas Nacionais do IBGE, o consumo das famílias sente o impacto da freada do crescimento da massa salarial, que "avança num ritmo bem menor" e do crédito restrito ao consumidor, cuja expansão já não supera nem a inflação.

O consumo, sozinho, corresponde a cerca de 60% do PIB brasileiro.

Editoria de arte/Folhapress

O crédito subiu 5% em termos nominais, sem considerar a inflação. Ao levar em conta os índices de preço (o IPCA está na faixa de 6,5%), as concessões de financiamentos, por tanto, estão em terreno negativo.

Outros fatores que limitam o consumo são um mercado de trabalho com sinais cada vez mais claros de desaquecimento, com a taxa de desemprego em patamar baixo graças apenas à saída de pessoas do mercado de trabalho em razão de uma menor procura e crescimento menor da renda.

Editoria de Arte/Folhapress

PEQUENO CRESCIMENTO

Após dois trimestres consecutivos em queda, a economia do país cresceu apenas 0,1% do segundo para o terceiro trimestre deste ano e saiu, em tese, da chamada recessão técnica. Pelo critério adotado por uma ala de economistas, esse cenário ocorre quando há dois períodos seguidos de declínio.

No primeiro trimestre, a retração foi de 0,2%. Já no segundo trimestre a produção de bens e serviços do país declinou 0,6% nessa base de comparação.

O resultado dos meses de julho, agosto e setembro mostra que a atividade econômica deixou a recessão, porém segue estagnada.

Em relação ao terceiro trimestre de 2013, o PIB recuou 0,2%. Com esse resultado, acumula alta de 0,2% neste ano. O indicador dos últimos 12 meses encerrados em setembro soma uma variação positiva de 0,7%.

Os dados do PIB foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE e estão abaixo do previsto pelo mercado. Segundo levantamento da agência Bloomberg com 46 economistas, era esperada alta média de 0,2% do segundo para o terceiro trimestre. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2013, a expectativa era de recuo de 0,1%.


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