Folha de S. Paulo


Política ainda dá a tônica do mercado um mês após eleições

Um mês após encerradas as eleições, o foco do mercado financeiro continua no cenário político.

Durante o período eleitoral, o anúncio de pesquisas de intenção de voto era o principal fator de influência no Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, com peso especialmente sobre o que se convencionou chamar de "kit eleições": ações de estatais e do setor financeiro.

Desde que o resultado das urnas confirmou a reeleição de Dilma Rousseff (PT), a expectativa se voltou para o anúncio da equipe econômica e da política para o setor.

Passaram pela bolsa de apostas para o Ministério da Fazenda o ex-presidente do BC Henrique Meirelles, o ex-secretário-executivo do ministério Nelson Barbosa e até o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, que declinou de convite feito.

A cada nome aventado, as ações de estatais subiam ou desciam, levando junto o Ibovespa. No período, o índice subiu 6%, mas chegou a marcar baixas de mais de 2% e altas de 5% em um só dia.

Editoria de Arte/Folhapress

Relatórios de corretoras para clientes destacavam, dia após dia, que esse fator deveria ter peso sobre os negócios.

Nesta quarta, o Ibovespa fechou com queda de 0,83%, aos 55.098 pontos, puxado por dados negativos dos EUA e pela queda nas ações da Vale e de siderúrgicas, além da própria expectativa em relação à equipe econômica.

"É uma novidade nos últimos 20 anos essa importância. Na época do Itamar [Franco], era vital saber quem estaria à frente da economia. Após a estabilização, o nome se tornou cada vez menos importante, até este momento", avalia André Moraes, analista da corretora Rico.com.vc.

Para ele, o desarranjo na economia dos últimos anos elevou a relevância de saber como guiará a economia.

O anúncio oficial dos nomes está previsto para esta quinta-feira (27). O ex-secretário do Tesouro Joaquim Levy é o provável novo nº 1 da economia do país.

Não só os nomes, mas as medidas que serão tomadas continuam no foco, afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest.

"Se o que for anunciado for compreendido como 'maravilhoso' por investidores e empresários, a tendência do mercado muda", diz.

DÓLAR

Além do mercado acionário, o dólar, que também vinha sendo influenciado pelos fatores políticos, tem experimentado altas e baixas seguindo as especulações sobre o nome do novo ministro.

Nesta quarta-feira, a moeda à vista, referência no mercado financeiro, fechou com baixa de 1,59%, cotada a R$ 2,50; o dólar comercial, usado em transações do comércio exterior, recuou 1,18%, para R$ 2,507.

"A gente sabe que o preço da especulação vem sendo tirado aos poucos", diz Reginaldo Galhardo, da Treviso Corretora.


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