Folha de S. Paulo


Taxa do cheque especial vai a 188% ao ano e já supera a de 2011

A taxa de juros do cheque especial voltou a alcançar valores superiores aos do início do governo Dilma nos principais bancos do país.

Dados do Banco Central mostram que entre as seis maiores instituições financeiras a única que ainda mantém a política de taxas reduzidas nessa linha é a Caixa.

Nas demais (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú-Unibanco, Santander e HSBC), a taxa média paga pelos clientes já supera os percentuais cobrados no início de 2011.

Durante o ciclo de aperto de juros promovido pelo BC, entre abril de 2013 e 2014, os bancos reajustaram as taxas cobradas dos consumidores nas linhas consideradas de maior risco. Esse foi o caso do cheque especial.

Agora, mesmo antes de o BC voltar a subir juros, o preço dessa linha já vinha sendo elevado pelas instituições.

No Banco do Brasil, por exemplo, o juro médio chegou a cair de 8,25% ao mês, no início do governo Dilma, para 4,99% no fim de 2012, dentro da política estatal de redução de taxas ao consumo.

No final de outubro deste ano, a taxa média estava em 8,26%.

Na Caixa, o percentual de 6,01% do levantamento mais recente do BC ainda é inferior aos 6,67% de 2011, embora supere os 3,97% de 2012.

Mesmo durante o período de maior concorrência entre as instituições, em 2012, quando os bancos públicos cortaram suas taxas a pedido do Planalto, os privados fizeram poucas alterações no valor do cheque especial.

No Bradesco e no Itaú-Unibanco, a taxa média oscilou de 8,4% para 8,2% ao mês nos dois primeiros anos do governo Dilma. Hoje está em torno de 9% ao mês.

Na média apurada pelo BC entre todos os bancos, o juro do cheque especial chegou ao piso de 136% ao ano (7,4% ao mês) em maio de 2013.

Em outubro de 2014, último dado, estava em 188% ao ano (9,2% ao mês), maior percentual desde abril de 1999.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, afirmou que uma das razões para a alta dessa taxa de juros é o aumento da inadimplência, que passou de 8,7% para 10,7% entre outubro de 2013 e de 2014.

Maciel ponderou, ainda, que a participação do cheque especial é de apenas 3% no crédito para a pessoa física.

"É uma modalidade que deve ser usada com bastante parcimônia e em momentos bastante específicos, por se tratar de uma linha de custo elevado e que tem, nos últimos meses, ampliado esse custo", afirmou.

Ele disse ainda que, em dezembro, o uso desse instrumento tende a cair, pois as pessoas aproveita o 13º salário para quitar essa dívida.

Nos últimos 12 meses, o uso do cheque cresceu 5,5%, ritmo semelhante à média para o crédito ao consumo.


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