Folha de S. Paulo


Vale, siderúrgicas e EUA colaboram para Bolsa cair; dólar recua

Dados negativos dos EUA e queda de Vale e siderúrgicas levaram o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, a fechar o pregão à vista com queda de 0,83%, para 55.098 pontos, depois de iniciar o dia com forte alta.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou negociado com baixa de 1,59%, cotado a R$ 2,5003; o comercial, usado em transações do comércio exterior, se desvalorizou em 1,18%, valendo R$ 2,507.

"O mercado tem estado eufórico no inicio do pregão e depressivo no final nos últimos dias. Hoje não foi diferente", afirma Andre Moraes, da analista da corretora Rico.com.vc

O volume de negociações ficou em R$ 6,2 bilhões, abaixo da média diária de R$ 7 bilhões no ano. Além da expectativa pela nova equipe econômica -que deve ser anunciada nesta quinta-feira –, a véspera de feriado de Ação de Graças nos EUA reduziu os negócios aqui e lá fora.

O analista Lucas Marins, da Ativa Corretora, observa que tanto no Brasil quanto nos demais mercados que estavam abertos os índices recuaram quando foram divulgados os dados dos EUA, como pedidos de seguro-desemprego (313 mil, ante uma expectativa de 288 mil) e renda pessoal média do americano (subiu 0,2%, mas era esperada expansão de 0,4%).

"Na parte da manhã, início do mercado, tem mais negócios, o pessoal vendo como está o dia. Em determinado momento o mercado pára, porque não tem comprador para as ações", explica Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest.

AÇÕES

Depois de passarem a maior parte do dia no azul, as ações da Petrobras cederam no final do pregão. As ações ordinárias, com direito a voto, recuaram 0,08%, para R$ 13,27; as preferenciais, mais negociadas, caíram 0,35%, para R$ 14,10.

O destaque de baixa ficou para as siderúrgicas e Vale, em dia de novas notícias desfavoráveis, incluindo previsão do Instituto Aço Brasil (IABr) de alta de apenas 4% nas vendas da liga no mercado interno em 2015.

Na avaliação de André Moraes, da Rico.com.vc, os dados de EUA impactaram no desempenho das siderúrgicas e da Vale porque a sinalização de que a economia de um grande mercado como o americano não vai tão bem significa que haverá menos consumo de aço e ferro e maior competição por menos compradores.

A CSN liderou as perdas, com queda de 7,93% em suas ações, que terminaram cotadas em R$ 6,15. Usiminas recuou 7,08%, para R$ 5,51 -o BofA Merrill Lynch cortou o preço-alvo do papel de R$ 7 para R$ 4,9.

Depois de quatro dias seguidos de alta, os papéis da Vale recuaram na sessão desta quarta-feira. Os preferenciais caíram 4,03%, para R$ 19,75. Os ordinários perderam 3,84%, terminando em R$ 23,04.

"Estava achando estranho a Vale melhorar mesmo com o corte de juros na China, pois os EUA projetam mercado ruim para o minério de ferro, o preço está em níveis baixos e a produção subindo", disse Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest.

Na ponta de alta, destaque para a Cosan, que subiu 4,17%, para R$ 33,70, após o anúncio de que a volta da cobrança da Cide (contribuição para regular o preço dos combustíveis) faz parte do pacote fechado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) e apresentado na terça-feira (25) à presidente Dilma Rousseff com medidas para reequilibrar as contas públicas.

CÂMBIO

O bom humor com a nova equipe econômica continua no mercado cambial. Na mínima do dia, o dólar à vista e o comercial chegaram a ficar abaixo de R$ 2,50 -ambos valiam R$ 2,498 por volta das 15h35.
Para Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora, como a moeda ficou mais barata, investidores podem ter aproveitado para comprar em suas estratégias, o que elevou a cotação.

"A gente sabe que o preço da especulação vem sendo tirado aos poucos da cotação. O mercado vem aliviando a mão nos últimos dias", afirma.

Também contribuiu a desvalorização do dólar no exterior, especialmente após a divulgação dos dados dos EUA.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,1 milhões.

A autoridade monetária também rolou o vencimento de 14 mil contratos de swap que venciam dia 1º de dezembro, numa operação que totalizou US$ 682,2 milhões e conferiu mais liquidez ao mercado.

Com Reuters


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